Nossos
passeios são sempre recheados de conversas e brincadeiras. No carro, sempre
iniciamos nossas viagens com orações e em seguida, entre um cochilo e outro das
crianças, a conversa rola solta, geralmente ao som de inúmeras canções. Nesse
último final de semana, retornando de Recife, escutávamos a canção “Pra sempre
meu herói” de Ziza Fernandes (https://www.youtube.com/watch?v=7y_CLAAFeYU)
e ao término desta, Pedro José disse uma frase que me fez refletir sobremaneira:
“Papai, o senhor e mamãe são os meus heróis.” Ficamos honrados com aquela
menção e olhamos um para o outro (eu e minha esposa) trocando um leve sorriso
até que o pequeno continuou: “São heróis porque o senhor e mamãe me levantam
quando eu caio, não é?”.
Puxa
vida! O garoto com apenas 4 anos entendeu o significado de heroísmo... Apesar
dele gostar muito do Homem de Ferro, do Capitão América, do Hulk, do Batman e
dos Power Rangers, a figura de herói por ele entendida vai muito além daqueles
que destroem os monstros e passam repetidamente na telinha. É bem verdade que
os pais nem sempre conseguem parecer tão dispostos ou tão “perfeitos” quanto os
inúmeros super heróis que nunca morrem nem envelhecem... Não! O tipo de
heroísmo dos pais é deveras distinto e peculiar, pois brota do Coração de Deus
que nos ensina a sermos pais e mães (Ef 6,1-4). Esse heroísmo exige de cada um
de nós desprendimentos, renúncias, confiança em Deus, entrega, paciência,
esforço, muito esforço.
Sabe
aquele livro que você gostaria muito de comprar? Isso mesmo, você não compra
para poder presentear seu filho com aquele brinquedo que ele tanto deseja. E
aquela roupa do final do ano que passei o ano observando? Não, o dinheiro não
dá para as roupas de todos, as deles são prioridades. Esses são exemplos
corriqueiros dentre tantos. No mais, quanta apreensão quando eles se submetem a
uma prova como a do Enem? Parece que ficamos mais nervosos do que eles! E às
vezes que assisto aquele desenho animado meio sem graça no lugar do jogo do meu
time, apenas para ficar perto deles? E quando bate o sono, daqueles que quase
não seguramos, mas precisamos ficar atentos para o horário do remédio que se
aproxima? Isso mesmo queridos pais, somos uma espécie de heróis, de carne e
osso...
Quando
eles caem, devemos ser nós os primeiros a ajudá-los; a estendermos as mãos; a
acalentar com um abraço, que às vezes mudo, fala mais do que mil palavras. Esse
cuidado desde cedo nos orienta para aquilo que a vida ainda nos apresentará,
isto é, a fase da adolescência, da juventude, da vida adulta, da velhice dos
filhos... Quem dera termos essa graça de sermos perseverantes no caminho do
Senhor junto dos nossos filhos. A educação deles parte do pressuposto de que
somos educados na mesma escola de santidade – a Igreja. Por isso, “educa o teu
filho, esforça-te por instruí-lo, para que te não desonre com sua vida
vergonhosa” (Eclo 30,13). Dito isto, fica claro porque o Senhor colocou como
dever dos filhos um dos 10 mandamentos: “Honra teu pai e tua mãe, para que teus
dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus.” (Ex 20,12).
Sempre
que vejo ou leio na minha timeline ou em outros lugares, jovens (não tão jovens
assim) com seus 25, 30, 35 anos, com comportamentos de adolescentes, fico a
pensar: Se fossem pais, se tivessem a coragem de constituir uma família ao
invés de viver imerso exclusivamente num mundo virtual e na maioria das vezes
irreal, veriam como as responsabilidades de uma casa, as contas a pagar, os
filhos para limpar, ou qualquer outra ação típica de um pai e de uma mãe, seriam
salutares para sua formação, para sua vida.

Em tempo: acabo de escrever esse texto ao som dessa canção e quando Pedro José a ouviu, veio correndo ao meu encontro com os braços abertos e disse novamente: "O senhor é meu herói!" Presente melhor não há!
Abraço
fraterno,
De
um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria
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