segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A participação das crianças na Santa Missa - Parte 3

Inicialmente, registro minha alegria pelo feedback que estou recebendo dessas postagens. Isso é um motivo a mais para continuarmos tentando ajudar de algum modo tantas famílias que se preocupam com a espiritualidade dos seus filhos. Assim, peço que continuem enviando suas dúvidas e comentários, pois vamos acrescentando alguns detalhes anteriormente não imaginados. Se na primeira e segunda partes dessa série de artigos enfatizei alguns aspectos inerentes aquilo que ocorre ANTES da Santa Missa, hoje "adentrarei" na celebração, ou seja, tratarei de assuntos que dizem respeito ao que ocorre DURANTE a Santa Missa, que julgo importantes de serem observados.
Precisamos compreender que cada criança tem suas particularidades e querer enquadrar determinados comportamentos a todas elas, sem distinção, é uma baita "forçação de barra", mas vale salientar que as linhas gerais aqui apresentadas podem tranquilamente ser aplicadas pelos pais, de acordo com a faixa etária do filho, do tempo que essa criança já participa da Missa com os pais, etc. Por que faço essa ressalva? Porque é comum as pessoas fazerem comparações com os filhos alheios. E comumente caem em diversos equívocos de interpretação, sejam de forma positiva ou negativa. Aqui, você deve se preocupar com o seu filho. Faça esforços para orientá-lo, educá-lo e catequizá-lo conforme as orientações da Igreja e não se preocupe se o seu vizinho, o coleguinha da escola ou até mesmo a criança que se senta no banco ao lado na igreja, está "de pernas para o ar" e os pais apenas olhando ou rindo daquela situação. Esse não é um problema seu! Enfim, foque no seu filho.

Desse modo, comecemos por uma das tarefas mais difíceis quando o assunto é a participação das crianças na Santa Missa: a quietude. Como fazer com que o meu filho fique quieto durante a celebração? E agora, quem poderá nos ajudar? E então, o que fazer? Calma, calma, calma! Respire fundo e você verá que isso não é uma tarefa impossível, PORÉM, exige disciplina dos... PAIS (!!!!) que precisam orientar suas crianças. Aqui não entrarei em questões já abordadas nas postagens anteriores, mas vale lembrar que muito do comportamento dos filhos é reflexo das decisões ou omissões dos seus pais, seja no aspecto de permissividade exagerada ou num comportamento exemplar. Dito isto, algumas perguntas podem nos ajudar a esclarecer melhor essas situações:

- Devo ficar "passeando" com meu filho na igreja durante a Missa? Ah, ele é pequeno e muito inquieto, vou ali no jardim paroquial para ver se o tempo passa mais rápido...

- Posso levar pipoca, balinhas ou bolachas recheadas para entreter meu filho na Missa? E o brinquedo favorito dele, por que não?

- E se ele começar a chorar, espernear, se jogar no chão? Ah, meu Deus, eu fico morta de vergonha com as coisas dessa criança! Aff...

Essas perguntas e situações são mais comuns do que imaginamos! E elas ocorrem nas famílias mais diversas possíveis: do sul ou do norte, numerosa ou com filho único, crianças de colo ou pré-adolescentes. Nesse contexto, o que mais percebo é que o "nó" são as orientações dadas (ou não dadas = omissão) e a forma como estas são postas em prática. Ora, se há obediência, alguém emitirá uma ordem ou tarefa e outra pessoa obedecerá. Muitas pais ainda não se deram conta que seus filhos NÃO PODEM ser a pessoa que emite essa ordem. De jeito nenhum! Até porque são crianças e nem sempre sabem qual o melhor caminho a trilhar. Os pais precisam ser conscientes nesse ponto. Não digo apenas ser rígido (porque aqui pode haver certa confusão entre autoridade e autoritarismo), mas consciente de sua tarefa enquanto pai e mãe. Nesse sentido, vamos as perguntas acima elaboradas.

a) Quando conduzimos nossos bebês nos primeiros meses de vida para a igreja, eles ainda não dão os seus primeiros passos. E é justamente aí que começamos a acostumá-los a ficar conosco, seja no colo, nos braços, coladinho a nós no banco. Quando os primeiros passos chegam, geralmente as crianças já não aturam mais ficar no braço, salvo ocasiões de medo, fome, etc. No entanto, é justamente aí que ele precisa começar a escutar que durante a Missa, o lugar é ali junto do pai e da mãe. "Mas ele não entende! É muito novinho!", dirão alguns. Sei disso, mas não impede de você falar e tentar fazer com que ele fique. Esse é um dos momentos mais cansativos (literalmente!) para os pais, todavia, use todas as suas "ferramentas disponíveis": mude do braço da mãe para o do pai; mostre o crucifixo que está perto do Altar; aponte a imagem de Nossa Senhora ali do lado; junte as mãozinhas dele para rezar; na hora do ofertório e da Comunhão leve-o junto.

O que não se deve fazer é na primeira insistência da criança em ir para o chão e querer sair correndo, você automaticamente deixar. Se isso ocorre, todas as outras tentativas se tornarão bem mais difíceis. E se isso já aconteceu? Seu trabalho será redobrado, começando na conversa em casa e sempre "no pé do ouvido". Temos uma comadre que diz que minha esposa fala umas "palavras mágicas" aos nossos filhos (risos...). Essas palavras mágicas são apenas uma "lembrança" daquilo que já conversamos em casa e que eles sabem que precisam obedecer. Se o pai/mãe acha legal passear com a criança na Missa, até porque as pessoas acham "bonitinho" aquele bebê dando seus primeiros passos ou aquela mocinha com um vestidinho rodado tão bonito (e os pais geralmente amam escutar elogios para os seus filhos!), tenho que dizer que tudo isso seria muito interessante se fosse na praça, mas na Missa NÃO é o lugar adequado. Percebam que ela irá se acostumar aquela realidade e futuramente será mais um jovem que não consegue entrar na igreja, ficando o tempo inteiro do lado de fora batendo papo com os colegas; olhando para o relógio agoniado com a hora que não passa; que não para a boca conversando ou os dedinhos teclando no seu smartphone. 

Mas, se depois de todas as tentativas, a criança continuar inquieta, inclusive atrapalhando os demais fieis, o que fazer? Nesse caso é justo sair um pouco do banco e ficar lá no final da igreja por uns instantes. Todavia, não permita que ela vá para o chão e saia correndo ou passeando, pois aí ela terá alcançado o seu prêmio. E a inquietação e enjoo não tardarão em voltar na outra Missa. Se a criança for pequena, continue com ela nos braços até que se acalme e em seguida volte para o banco. Aos poucos ela se acostumará a passar aquele tempo (geralmente entre 1 hora e 1 hora e meia, nos domingos) exclusivamente na companhia dos seus pais.

b) Dá balinhas, pipoca ou outras baganas as crianças durante a Missa é outro equívoco tremendo. Daqui a pouco ela achará que a Missa é um playground ou é como se estivesse numa festa de aniversário do amiguinho do colégio. Não! Ali é a casa de Deus e a família está participando do Santo Sacrifício de Cristo. Deixe as baganas para depois da Missa, quem sabe num passeio pela praça. Para evitar que a criança sinta fome, ela deve fazer sua refeição antes de sair de casa. Nos casos das crianças menores, obviamente que essas devem ser tranquilamente amamentadas ou alimentadas com seu "mingau".

E o brinquedo de estimação? Particularmente não considero interessante, pois o brinquedo pode e certamente tirará a atenção da criança daquilo que é o mais importante - a Missa. Por mais que ela não entenda ainda, a Liturgia por si, recheada de gestos e símbolos, é uma verdadeira "aula de catequese" para a criança. Sobre este ponto falaremos mais adiante.

c) Quando minha esposa ficou grávida pela primeira vez, eu tinha pavor só de pensar que minha filha poderia causar escândalo na frente dos outros, especialmente na igreja durante a Missa. Confesso que até hoje, quando vejo algo parecido, tenho imediatamente pena dos pais, mas ao mesmo tempo, sou muito consciente que a criança só chegou naquela situação por causa da permissividade dos próprios pais. Quando isso ocorre publicamente é porque provavelmente já ocorreu inúmeras vezes em casa. E é justamente lá que essas "arestas" precisam ser aparadas. Lembre-se: você precisa ser o "dono da situação". Um filho é como um belo diamante que aos poucos vai sendo lapidado... Deus nos escolheu para sermos esses artistas (vejam que maravilha de vocação!) que, segundo a Sua vontade, vão moldando seus filhos para se tornarem semelhantes ao Pai, isto é, santos como nosso Pai Celeste é Santo (Mt 5,48).

Por fim, já me alonguei sobremaneira nessa postagem e fico por aqui. Entretanto, pergunto: Quais as suas maiores dificuldades com suas crianças? Deixe seu comentário ou me envie uma mensagem inbox. Será um prazer poder ajudá-lo(a).

Fiquem com Deus, com a Virgem Maria e sempre com o Glorioso São José.

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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