quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A participação das crianças na Santa Missa - Parte 2

Na primeira parte da série de artigos sobre a participação das crianças na Santa Missa, enfatizei a necessidade dos pais participarem frequentemente da vida eclesial, seja em suas casas, seja nas paróquias/grupo de oração/pastoral em que atuam, pois a a educação para a fé por parte dos pais deve começar desde a mais tenra infância (...) A paróquia é a comunidade eucarística e o centro da vida litúrgica das famílias cristãs; ela é um lugar privilegiado da catequese dos filhos e dos pais” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2226). O testemunho e exemplo dos pais são decisivos para as escolhas dos filhos, que observam e analisam de forma inconsciente todas essas ações e/ou omissões por parte dos seus pais.

Antes de abordar aspectos mais práticos que devem ser observados DURANTE a celebração eucarística, urge dizer que a preparação, ou seja, aquilo que ocorre ANTES da celebração, é deveras importante, pois os pais tem a oportunidade de introduzir seus filhos nesse mistério da fé. Assim, a Missa não será uma coisa estranha, mas algo comum a realidade daquela família. Nesse sentido, algumas dúvidas podem pairar naqueles que me leem ou então, situações semelhantes ocorrem em suas casas e famílias. Por meio desses dois questionamentos, temos o conteúdo desse artigo.
  • A partir de quantos anos devo levar meu filho para a Santa Missa?
  • E se ele não quiser ir?
a) Certa vez, os discípulos de Jesus tentavam afastar as crianças que Dele se aproximava. Foram advertidos pelo Mestre que disse: "Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham" (Mt 19,14). Ora, se na Missa participamos do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o ápice de toda a vida cristã, por que impedir as crianças desse momento sublime participarem? Ah, elas não entendem direito, dirão alguns! Mas criança nessa idade deve pensar apenas em brincar, dizem outros (Vale observar que existem paróquias que criam um "espaço kids" para que os pais participem "tranquilamente" da Missa, o que considero um equívoco significativo, pois os filhos devem estar com seus pais na Missa. Caso frequentem apenas o "espaço kids", mesmo que este seja voltado para uma catequese, nunca se acostumarão na celebração da Missa propriamente dita).

O fato é que não há um limite mínimo de idade. Eu diria que logo após o nascimento, isto é, passado os dias normais de repouso da mãe e da adaptação própria da criança nesse "novo mundo", e exceto em casos de recomendações médicas ou doenças, aquele bebê já pode e deve frequentar a Missa com seus pais. Eis um momento louvável para apresentar seu filho a Deus, mesmo que ainda não tenha sido batizada (o que na minha opinião deve acontecer logo nos primeiros meses de vida). Alguém pode afirmar algo do tipo: "Mas a criança vai só dormir!". Digo: Não tem problema, que durma em seus braços enquanto ali você louva e adora o Senhor que tudo lhe deu, inclusive um belo fruto que modificou sua vida completamente.

Não deixe para levar seus filhos para a Missa quando estiverem maiores ou apenas se for na "Missa das Crianças". Não! Eles devem se acostumar nas celebrações que os pais frequentam, pois caso isso não ocorra, é comum que numa situação em que eles precisem estar com os pais naquela Missa dominical que não é no "estilo da criança", fiquem dispersos, entediados, etc. Por isso, reafirmo que os filhos devem participar da Missa com os pais desde "o berço". Faça isso, você não se arrependerá!

b) Se eu perguntasse aos pais em relação a educação dos filhos: "O que vocês fariam se seu filho não quisesse ir para a escola?" Alguns responderão: "Isso é um absurdo! Ele precisa estudar. O futuro depende dos estudos". "Ele ficaria de castigo e eu passaria um sermão naquela criança levada!". Percebam que quando o assunto é a educação dos filhos, geralmente os pais dão total assentimento no que se refere a importância deste. E eu concordo plenamente. Todavia, quando o assunto é a fé, a educação cristã, a participação na Missa, nem sempre há essa coerência. Mas afinal, o que é mais importante? Certa vez eu disse a minha primogênita, na ocasião de sua Primeira Eucaristia, que o tesouro mais precioso que eu e sua mãe poderíamos deixar era a fé em Deus, o amor a Jesus Eucarístico, a devoção a Virgem Maria...

A fé, meus irmãos, deve ser prioridade em nossas casas! Se o seu filho não quer ir para a Missa, você precisa se indagar: Por que será que ele está dizendo ou se comportando assim? A partir de então, você tem outra excelente oportunidade de conversar com ele e entender suas motivações. Alguns filhos não querem ir para a Missa porque não sentem essa firmeza e vontade dos pais para frequentarem a celebração, pois quando desde cedo frequentam, aquilo se torna "parte de sua vida". A criança chega, inclusive, a sentir falta se não for. Por exemplo: nosso filho Pedro José de 3 anos faz sempre questão de ir depositar nossa oferta material na Missa. Certa vez deixei minha carteira no carro e na hora o garoto começou a chorar com desgosto porque não ia deixar a moedinha lá na frente.
Em outras situações, a criança simplesmente se acostumou a dizer não e os pais a "obedecerem" ao comando do filho. Puxa vida, como isso acontece em nossas famílias! A palavra autoridade parece não mais ser experimentada pelos pais, bem como pelos filhos. Aqui não falo que você vai bater no seu filho se ele não quiser ir para a igreja, mas os pais precisam ter a consciência (e colocar em prática) da  autoridade enquanto formadores, pais, educadores. Mas então, o que fazer?

Certa vez, uma das nossas filhas que na época tinha 5 anos disse, logo ao ser acordada no domingo para participar da Missa às 7hs: "Eu não quero ir para a Missa". Confesso que no momento fiquei irritado, mas tive o equilíbrio necessário para conversar com ela e dizer que é nosso dever estar com Jesus, especialmente aos domingos; que Ele fica aguardando a semana inteira a nossa visita a Sua casa; que ao chegarmos lá, Ele daria um sorrisão típico daqueles que muito amam. E ao mesmo tempo, falei de forma firme que aquilo não era a maneira correta de falar, pois é na Missa que recebemos o verdadeiro alimento de nossas almas. Entendi que ela estava com sono, mas a ocasião foi muito propícia para catequizá-la.

Por fim, existem crianças que após a Primeira Eucaristia nunca mais frequentam a igreja ou quando crescem e estando na fase juvenil, o desinteresse se torna latente e a situação fica complicada. Acredito que cada família tem suas particularidades e precisa intervir da melhor forma, mas sem esquecer que os pais devem utilizar a autoridade na caridade. Quando uma criança com seus 9 ou 10 anos "bate o pé" e diz que não vai, me questiono: O "nó da questão" está na criança ou nos pais que permitiram ela chegar a esse nível? Volto para a comparação com a ida a escola, mesmo que a comparação seja imperfeita. Lembrem-se: os filhos devem obediência aos seus pais, e é seu dever, além de direito, exigir isso deles. Essas palavras podem ser tidas como "autoritárias" no sentido pejorativo, mas posso lhes garantir que não são. Na verdade, são características que os pais precisam aflorar, pois estão lidando com a salvação das almas daqueles que mais amam.

O problema é que muitos pais já não detém o controle dos seus filhos e então qualquer partilha, incluindo esta minha, pode ser inútil, caso os pais não intervenham com firmeza. Se tem uma coisa que desde cedo precisa ser cultivado nas famílias é a obediência. Mas aqui já é tema para outro artigo. Nas próximas postagens, tratarei sobre assuntos que ocorrem DURANTE a Missa. Fique atento as próximas partilhas.

E então, o que está achando das postagens? Comente e envie sua dúvida também. Se perdeu a primeira parte, acompanhe aqui: A participação das crianças na Santa Missa - Parte 1  


De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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