quarta-feira, 18 de março de 2015

Partilhas de Madonna House (XV)


O tempo quaresmal se aproxima do seu término e em breve estaremos na grande Semana Santa para sermos inseridos com toda piedade no belíssimo período pascal. Mas vale lembrar que a Ressurreição de Jesus passa necessariamente pelo Calvário. Por isso, busquemos preparar nossos corações nesse tempo de conversão que é a Quaresma. Aproveitem e reflitam com mais um "Partilhas de Madonna House.
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Queridos Amigos,



Quaresma… Tempo de conversão, de oração mais intensa… Penitência? Às vezes, a gente escolhe uma forma de penitência e Deus escolhe outra pra gente… Fiquei pensando no que poderia oferecer a Deus de uma maneira especial nesta quaresma. Talvez o que Ele quer como presente de quaresma é que eu tenha atenção especial pelas pessoas que estão ao meu lado. Ou talvez que eu olhe nos olhos a pessoa que passa por mim na rua. Ou que eu cumprimente calorosamente o vizinho que não diz nem bom dia… Pode ser que Ele queira que eu vá visitar uma pessoa frágil, doente, deprimida… A Catarina, fundadora de Madonna House, no fim de sua vida sofreu com a diminuição de sua capacidade mental… Mas ela continuou a servir Deus através da sua união com Ele em cada instante de sua vida. (Ver foto da Catarina já idosa).  E se pedirmos a Deus que nos mostre o que Ele quer…



Partilhando estórias de Madonna House



Envio hoje uma estória sobre uma visita que fizemos no centro para idosos aqui perto de casa… foi uma tarde em que deixamos tudo para partilhar a alegria de estar juntos com os residentes deste centro.



« JUNTOS »



O coral era composto de vizinhos do bairro onde se situava o abrigo de velhos. Não tínhamos nada de profissional. Simplesmente estávamos lá para cantar para os residentes do abrigo. Nosso repertório era de músicas populares que a maioria dos coristas já conheciam. Fizemos, no entanto, um ensaio que pareceu durar horas.



Finalmente entramos em uma sala que nos tinha sido reservada pela assistente social. Era um sala escura sem janelas. Pouco a pouco, os residentes começaram a chegar em passos lentos, tribunas, cadeiras de rodas. Será por pura contradição que meu ritmo interno se acelerou? Ou será a presença dos nossos auditores que me intimidou? Sim, lá estavam eles - certamente uns mais presentes que outros. Começamos a cantar e claramente a escuridão deu lugar a uma luz brilhante que se irradiava dos olhos dos cantores e ouvintes.



A assistente social nos levou a uma segunda sala que funcionava como lanchonete. As famílias lá estavam visitando os seus parentes idosos. Havia uma tristeza no ar misturada com uma espécie de festa forçada. Ainda assim começamos a cantar e os corpos à nossa frente começaram a se movimentar em uma dança original. Liberou-se, então, uma onda de pura alegria. Era, enfim, uma festa!



Ainda guiados pela assistente social através de muitos corredores, fomos conduzidos a uma terceira sala. Era a sala de recreação. Muitos lá se encontravam para costurar, conversar, jogar cartas, dominó, damas. Nosso coral se lançou novamente a cantar. Uma certa distância entre os ouvintes e os cantores tão bem comportados exercia um efeito apaziguador em minha incerta inquietude interior. No final, um café com bolo foi servido e discretamente foi se dissolvendo qualquer distinção entre nós. Estávamos simplesmente lá – juntos.

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