quarta-feira, 25 de março de 2015

Ela disse SIM!

Neste dia celebramos a Solenidade da Anunciação do Senhor, pois o Verbo se fez Carne e habitou entre nós. Para isso, houve o exclusivo, verdadeiro e definitivo SIM da Virgem Maria. Bendigamos ao Senhor por todas as graças derramadas abundantemente na humilde serva da cidade de Nazaré. Nesse sentido, a solenidade da Encarnação deve ser muito lembrada e celebrada com muita piedade por todos nós que amamos Nosso Senhor Jesus Cristo e acreditamos firmemente na intercessão da Mãe de Deus. Deixo aqui um trecho do Tratado da Verdadeira Devoção a Virgem Maria do grande santo São Luís Maria Grignion de Montfort.
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§ IV. Devoção especial ao mistério da Encarnação.

243. Quarta prática. Terão uma devoção especial pelo mistério da Encarnação do Verbo, a 25 de março, que é o mistério adequado a esta devoção, pois que esta devoção foi inspirada pelo Espírito Santo: 1º para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de Deus seu Pai e para nossa salvação; dependência que transparece particularmente neste mistério em que Jesus se torna cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, aí dependendo dela em tudo; 2º para agradecer a Deus as graças incomparáveis que concedeu a Maria, principalmente por tê-la escolhido para sua Mãe digníssima, escolha feita neste mistério. São estes os dois fins principais da escravização a Jesus Cristo em Maria.

244. Peço-vos notar que digo ordinariamente: “o escravo de Jesus em Maria, a escravização a Jesus em Maria”. Pode-se, é verdade, dizer como muitos já o disseram até aqui, “o escravo de Maria, a escravidão da Santíssima Virgem”. Creio, porém, que é melhor dizer “escravo de Jesus em Maria” como aconselhava M. Tronson, superior geral do seminário de S. Sulpício, o qual era conhecido por sua rara prudência e grande piedade. Assim aconselhou ele a um eclesiástico que o consultou sobre o assunto. As razões são estas:
245. 1º Visto estarmos num século orgulhoso, em que pululam os sábios enfatuados, os espíritos fortes e críticos, que sempre acham o que falar das mais sólidas e bem estabelecidas práticas de piedade, é preferível, para evitar-lhes ocasião de crítica desnecessária, dizer “escravidão de Jesus em Maria” e dizer-se “escravo de Jesus Cristo” do que escravo de Maria. Assim a denominação desta devoção será dada antes pelo caminho e meio para atingir este fim, Maria Santíssima. Pode-se, entretanto, usar uma ou outra sem o menor escrúpulo, como eu faço. Um homem, por exemplo, que vai de Orleans a Tours pelo caminho de Amboise, pode evidentemente dizer que vai a Amboise e que vai a Tours. A única diferença é que Amboise é apenas o caminho para ir a Tours e Tours é o fim, o termo de sua viagem.

246. Como o principal mistério que se celebra e honra nesta devoção é o mistério da Encarnação, no qual só se pode contemplar Jesus em Maria, e encarnado em seu seio, é mais adequado dizer-se “a escravidão de Jesus em Maria”, de Jesus residindo e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres: “Ó Jesus vivendo em Maria, vinde e vivei em nós, em vosso espírito de santidade”, etc.

247. 3º Este modo de falar patenteia ainda mais a união íntima entre Jesus e Maria. Tão intimamente estão unidos que um é tudo no outro: Jesus é tudo em Maria e Maria é tudo em Jesus; ou, melhor, ela já não existe, mas Jesus somente nela, e antes se separaria do sol a luz, do que apartar Maria de Jesus. É assim que se pode chamar Nosso Senhor “Jesus de Maria”, e a Santíssima Virgem “Maria de Jesus”.

248. O tempo não me permite deter-me aqui para explicar as excelências e as grandezas do mistério de Jesus vivendo e reinando em Maria, ou a Encarnação do Verbo. Contento-me, por isso, em dizer, em três palavras, que é este o primeiro mistério de Jesus Cristo, o mais oculto, o mais elevado e o menos conhecido; que é neste mistério que Jesus, em colaboração com Maria, em seu seio, e por isto chamado pelos santos “aula sacramentorum”, sala dos segredos de Deus, escolheu todos os eleitos; que foi neste mistério que ele operou todos os mistérios subseqüentes de sua vida, pela aceitação deles: “Iesus ingrediens mundum dicit: Ecce venio ut faciam, Deus, voluntatem tuam” (Hb 10, 5-9). Por conseguinte, este mistério é um resumo de todos os mistérios, e contém a vontade e a graça de todos. Este mistério é, enfim, o trono da misericórdia, da liberdade e da glória de Deus. O trono da misericórdia de Deus, porque, já que não podemos aproximar-nos de Jesus senão por Maria, não podemos ver Jesus nem falar-lhe senão por intermédio de Maria. Jesus atende sempre a sua querida Mãe e concede sempre sua graça e sua misericórdia aos pobres pecadores: “Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae – Cheguemo-nos, pois, confiadamente, ao trono da graça” (Hb 4, 16). É o trono de sua liberalidade para Maira, porque este novo Adão, enquanto permanceu nesse veradeiro paraíso terrestre, aí realizou ocultamente tantas maravilhas que nem os anjos nem os homens as compreendem; por isso os santos chamaram Maria a magnificência de Deus: “Magnificentia Dei”, como se Deus só fosse magnífico em Maria: “Solummodo ibi magnificus Dominus” (Is 33, 21). É o trono de sua glória para seu Pai, pois foi em Maria que Jesus Cristo acalmou perfeitamente seu Pai irritado contra os homens; que ele recuperou perfeitamente a glória que o pecado lhe tinha arrebatado, e que, pelo sacrifício, que neste mistério fez da sua vontade e de si mesmo, lhe deu mais glória como jamais lhe deram todos os sacrifícios da antiga lei, e, finalmente, lhe deu uma glória infinita como ainda não recebera de criatura humana.

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