sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Livros que recomendo (XIV)

Recomendo de coração a leitura do livro “No Calvário de Balasar” (Ed. Loyola) de autoria do grande Pe. Mariano Pinho. O livro é quase uma autobiografia da Maria Alexandrina da Costa, a beata Alexandrina. O autor, que foi diretor espiritual dessa gigante vítima entre 1933 e 1942, nos presenteia durante quase todo o livro com trechos dos escritos da beata Alexadrina, pelo qual podemos perceber o alto grau de união mística que ela alcançou. Sinais dessa união são os fenômenos místicos que Deus a presenteou: inédia durante 13 anos alimentando-se só do Santíssimo Sacramento, revivia as dores da Paixão de Cristo, estigmas invisíveis, êxtases, transfusão do sangue de Jesus para ela, dores do inferno,  etc.

Podemos aplicar a vítima de Balasar, sem escrúpulo algum, as palavras do Papa Pio XI: “Enquanto sobe sem cessar a malícia dos homens, o sopro do Espírito Santo multiplica maravilhosamente o número dos fiéis de um e outro sexo que generosamente procuram reparar tantas injúrias feitas ao Divino Coração e até não hesitam em se oferecer a si mesmas a Cristo como vítimas.” (Miserentissimus Redemptor, 13). Obedecendo a exortação apostólica de São Paulo (Rm 12,1), ela ofereceu seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, fazendo da sua cama um altar (para conservar sua pureza pulou de uma janela de 3 metros de altura, ficando 30 anos acamada) oferecendo constantemente as suas dores para que Deus Nosso Senhor fosse honrado e para que os pecadores se convertessem. Também impetrou de Deus por meio de tantos sofrimentos, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, feito pelo Papa Pio XII em 31 de outubro de 1942 e repetida em 8 de Dezembro do mesmo ano. 


A vida da beata Alexandrina serve de exame de consciência para nós. Será que temos renunciado a nós mesmos e carregado nossa cruz? Temos obedecido a Lei de Deus? Temos renunciado algum bem lícito por amor a Deus? Tenho rezado e feito penitência? O que tenho feito pela conversão dos pecadores? Disse o Papa Pio XII que é um “tremendo mistério e nunca assaz meditado: Que a salvação de muitos depende das orações e dos sacrifícios voluntários, feitos com esta intenção, pelos membros do corpo místico de Jesus Cristo” (Mystici Corporis, 43). E como disse a Santíssima Virgem em Fátima: “Muitas almas se perdem porque não há quem reze e se sacrifique por elas”. São Luís Maria Grignon de Montfort, em seu Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, afirma que converter um pecador ou libertar uma alma do purgatório “é um bem infinito, maior do que criar o Céu e a terra, pois é dar a uma alma a posse de Deus” (TVD, 172). A vítima de Balasar entendeu profundamente esse mistério, vivendo-o como sua própria vocação, exclamando constantemente com o Senhor na Cruz: “Sitio – Tenho sede”, sede de almas, sede de que o mundo ame a Deus. “É árdua a vocação de vítima, porque o lugar da vítima é no Calvário com Jesus e não nas doçuras do amor. As almas consoladoras, as almas reparadoras são vitimas com a grande Vitima do Calvário” (São Pio X).

Pediu que se escrevesse em seu túmulo as seguintes palavras: “Pecadores, se as cinzas do meu corpo vos têm utilidade para vos salvardes, aproximai-vos, passai por cima delas, calcai-as até que desapareçam, mas não pequei mais, não ofendais mais vezes o nosso Jesus. Pecadores, tantas coisas queria dizer-vos! Não me chegava este grande cemitério para as escrever! Convertei-vos! Não ofendais a Jesus, não queirais perdê-Lo eternamente. Ele é tão bom! Basta de Pecar! Amai-O! Amai-O”. Fez também esse pedido: “Quero ser enterrada, se puder ser, de rosto virado para o Sacrário da nossa igreja. Quero ficar assim para melhor provar o amor que tenho à Divina Eucaristia. [...] Quero também ao cimo da minha campa uma cruz e, junto dela, uma imagem da querida Mãezinha. Se puder ser, gostava que uma coroa de espinhos envolvesse a cruz. A cruz é para sinal que a levei durante a vida e amei até à morte. A Mãezinha é para mostrar que foi Ela quem me ajudou a subir o caminho doloroso do meu calvário, acompanhando-me até aos últimos momentos da minha vida”.

Que por intercessão da beata Alexandrina de Balasar, Deus nosso Senhor nos conceda a graça de sermos mais generosos em nosso amor para com Ele e para com o próximo!

Ir. Pio do Santíssimo Mistério do Calvário.
“Quotidie morior”

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