segunda-feira, 10 de março de 2014

Se chorei de saudade foi porque eu amei

Ontem tivemos a graça de participar de um encontro sobre Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face com irmãos e irmãs do Instituto Hesed. Certamente, aqueles que lá estiveram, experimentaram de forma simples e singela a "tremenda" infância espiritual da pequena Doutora da Igreja. Esse 1º domingo da Quaresma também foi um dia de reencontros... Principalmente por abraçar novamente a Ir. Maria Raquel e ao mesmo tempo por nos despedir da amiga Aparecida que nesta segunda parte para a vida religiosa de fato. 

Confesso que não tenho condições de escrever esse texto sem derramar lágrimas de alegria e gratidão a Deus por experimentar os frutos de uma amizade. Aliás, também chorei de saudade. Mas já? Perguntarão alguns. Já... A saudade, o amor não mede tempo ou distância, ela simplesmente bate no peito. Por isso, tentarei descrever um pouco do que ocorreu ontem no quarto das minhas filhas antes de dormir.

Maria Gabriela, uma amiga verdadeira de Aparecida, passou o dia mais próxima das irmãs e eu já tinha orientado que ela aproveitasse esses momentos especiais junto da sua amiga que durante vários anos a acolheu com tanto carinho nos sábados a noite, levando-a para a praça, para lanchar, para partilhar da ingenuidade de criança ou até mesmo para deixá-la jogar num celular. Como somos gratos pelos irmãos que acolhem nossos filhos com tanto carinho. Antes de dormir, ela já estava muito pensativa e pediu que eu lesse uma cartinha que a amiga escrevera em dezembro quando esta estava na sua experiência no Instituto Hesed, mas que só ontem a entregou. Gabriela não quis ler lá no encontro, mas apenas a noite junto de mim. 

Na verdade, creio que ela não leu porque já imaginava o que lá encontraria... Assim então fui anfitrião do encontro de dois corações - Maria Gabriela e Aparecida - que numa cartinha simples e cheia de amor penetrou profundamente no coração de minha menina. Não dizia muita coisa além de pedir que ela respeitasse seus pais; fosse uma menina boa e que estivesse sempre perto de Jesus e Maria, além de enfatizar que a amiga quando longe estaria sempre rezando por sua vida, vocação e família. 

Tenho que dizer que me segurei ao terminar de ler. Mas Maria Gabriela não aguentou e chorou... Chorou, chorou e chorou! Comecei a cantar a linda canção da Ir. Kelly Patrícia - Regaço Acolhedor - pedindo a Nossa Senhora que consolasse o coração da minha filha, pois nem sempre nós pais sabemos consolar como gostaríamos. Ficamos abraçados e o silêncio foi tomando conta de nós até que Maria Clara que estava na cama ao lado abraçada com uma freirinha de boneca (que sua madrinha Ir. Maria Raquel lhe deu) disse: "Inha (assim ela chama a irmã), faça assim com a boneca, pois eu sempre me lembro da minha madrinha Ir. Maria Raquel!" Meus Deus do céu, o que fazer diante de criaturas tão inocentes e cheias de amor para com os outros? 
Maria Gabriela perguntou a quanto tempo estava no Germinar. Respondi: Minha filha, desde que você estava no ventre de sua mãe, ou seja, faz quase 9 anos! Percebi que ela observou que sua amizade com Aparecida já durara alguns anos. Certamente sentiu orgulho disso e me disse que estava com muita saudades. Lembrei da música que cantamos no último sábado no Germinar e entendi o porquê minha filha chorou... Chorou porque aprendeu a amar o outro! Simples assim... 

Desse modo, expliquei que possivelmente iríamos visitar sua amiga quando a mesma pudesse receber visitas no Instituto Hesed; falar com a mesma pelo telefone ou simplesmente escrever-lhe cartas a serem enviadas mensalmente para manter sempre o contato. Mas ela insistiu em perguntar: "Papai, hoje pode ter sido a última vez nesse ano que eu vi Aparecida?" Pode ter sim minha filha. "E o aniversário dela que vai ser na Páscoa?" Daremos um jeito de falar com ela. "Vai demorar para eu visitá-la ou ela vir aqui em Currais Novos?" Não sei ao certo, mas garanto que através da oração e principalmente na Missa estaremos todos unidos no Coração Sagrado de Jesus. Assim, pedimos o auxílio do anjo da guarda para confortar seu humilde coração.
Seguindo "a dica" de Maria Clara, Maria Gabriela segurou uma bonequinha bem pequena de uma freira e começou a tocar suavemente seu rosto, o véu... E o sono foi chegando, e chegou. Creio que minha pequena filha (que passou o dia inteiro no encontro com os jovens) foi a que mais entendeu naquele domingo a infância espiritual de Santa Teresinha. E eu fiquei sem sono e chorei... Chorei porque eu amei e entendi que minha filha também aprendeu a amar. E no início dessa Quaresma ofertei nossas saudades a Jesus Crucificado para que Ele nos conceda a graça de permanecermos firmes no Seu amor bendito.

Aparecida, Deus lhe pague por tudo! Conte sempre com as orações de nossa família! Seja fiel e perseverante na vocação que ora abraças! Que a Rainha de todos os corações lhe conduza ao Coração Sagrado de Cristo! Nós a amamos muito!

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

Um comentário:

Dayene Louyse disse...

Texto emocionante. Não contive as lágrimas. Deus abençoe suas palavras sempre, Danilo!