sexta-feira, 14 de março de 2014

Do "fim do mundo" para o coração da Igreja - 1 ano do Papa Francisco

Há 1 ano eu participava fisicamente de uma reunião de trabalho em Natal, todavia, com o coração em Roma, mas especificamente no Vaticano. Ao sair cedo de casa - Currais Novos - para a capital do estado, recomendei por mais de uma vez a minha esposa que entrasse em contato comigo se houvesse novidades no conclave. Na verdade, algo me dizia que aquela quarta-feira a famosa "fumaça branca" sairia daquela bendita chaminé da Capela Sistina. Confesso que desejei não participar daquela reunião de trabalho, mas enquanto profissional não poderia me furtar de tal atividade, entretanto, não tive como permanecer atento as informações repassadas naquele dia quando no fundo meu coração estava unido a milhares de católicos espalhados pelo mundo que gostariam de estar na Praça de São Pedro vivendo a expectativa do "Habemus Papam". 

No período da tarde recebia uma mensagem e em seguida diversas ligações telefônicas que anunciavam que a fumaça branca já pairava no ar italiano que naquele momento mistura-se às diversas nacionalidades em que Deus não faz distinção de povos, pois somos um só rebanho que naquele momento ansiava para conhecer o seu Pastor. Obviamente que as especulações eram grandes e a força midiática tentava fazer as vezes do Espírito Santo informando que o Papa seria este ou aquele. 
 
Imediatamente retornei a ligação para minha esposa que já estava junto com minhas filhas numa ansiedade tremenda. E disse: "Coloca o celular perto da televisão para eu escutar o nome do Papa!" Estava eu no banheiro falando baixo para não demonstrar tamanha ansiedade (perceba que eu tive que "fugir" momentaneamente da reunião), sentimento não muito comum num ambiente de trabalho. Tenho que afirmar que não entendi nada do que escutei pelo telefone! Além do mais, escutar o sobrenome Bergoglio pronunciado por minha esposa foi estranho, pois nunca tinha ouvido falar do mesmo, nem lido qualquer coisa sobre o cardeal argentino. Ah, e ele era argentino! Um latino-americano! Meu Deus, não me continha de emoção para ver o Papa!

Consegui acesso a internet no laptop que comigo estava na reunião. "Quebrei o protocolo" e com um fone de ouvido (apenas em um ouvido!) fiquei na reunião e com um olho no computador que me permitia viver aquela ansiedade em que o Papa surgiria na sacada da Basílica de São Pedro para a primeira benção Urbe et Orbe. E ele apareceu... E pediu para que rezássemos por ele... E seu nome é Francisco... E nos revelou a beleza da Igreja Católica!

O 267º Papa da história da Igreja de Jesus Cristo - o Papa Francisco (algo inédito na história da Igreja, ou seja, o nome escolhido), oriundo do "fim do mundo" - América Latina - foi um dom de Deus para nós. Muito já se escreveu e falou sobre o mesmo. Ele também muito já falou e fez, todavia, sua personalidade continua sendo uma constante possibilidade de descoberta para nós. Quantas "revoluções" o povo (inclusive não cristãos) tem esperado da parte do Papa. Esquecem eles que Ele tem nos conduzido a Jesus Cristo e exortado a sociedade em geral a ser melhor, a ser seguidora do Amor, da Verdade, do Senhor de tudo. 

Continuam as indagações: "O que você acha do Papa Francisco? E então, ele é melhor que os demais?" Meus irmãos, já tive a oportunidade de afirmar que o Papa é o "Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, "é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis" "Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder" (n. 882 do Catecismo da Igreja Católica). Isso já é o bastante para declararmos nossa submissão e obediência. 
Vale enfatizar que o carisma do Papa Francisco chama nossa atenção e nos impulsiona a imitá-lo. Seu testemunho na Jornada Mundial da Juventude em Rio de Janeiro (2013); na acolhida aos doentes no Vaticano; nos encontros diplomáticos; nas viagens até então realizadas; nas celebrações eucarísticas; nas catequeses semanais; na recitação do Angelus; na forma enfática e decisiva de suas palavras; etc. A forma simples do Papa Francisco é típica daquele que vive uma vida em Cristo. Este é o convite que o Papa Francisco tem feito cotidianamente nesse primeiro ano de seu pontificado: sermos de Jesus Cristo! Ser alegre em anunciar Jesus que vive e habita em nossos corações. Na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Sumo Pontífice diz: "Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa" (n. 6). Eis um perigo denunciado pelo Papa, isto é, sermos cristãos "sem sal". Muitas outras coisas poderia eu falar dessa experiência de "ovelha" com o Pastor durante esse primeiro ano, mas ficarei na alegria que tive em meditar mais detidamente na Exortação do Papa Francisco que fez arder a chama da fé no meu peito, especialmente quando ele diz: 

"Consequentemente, um evangelizador não deveria ter constantemente uma cara de funeral. Recuperemos e aumentemos o fervor de espírito, a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas! (...) E que o mundo do nosso tempo, que procura ora na angústia ora com esperança, possa receber a Boa Nova dos lábios, não de evangelizadores tristes e descoroçoados, impacientes ou ansiosos, mas sim de ministros do Evangelho cuja vida irradie fervor, pois foram quem recebeu primeiro em si a alegria de Cristo" (n. 10). Assim, o Papa Francisco tem tido êxito ao falar/agir com o coração. O "sucesso" apregoado pela mídia em relação ao Papa é apenas questão de tempo ou estratégia de publicidade, que certamente durará até o Papa Francisco fizer uma ou outra afirmação mais categórica sobre a doutrina cristão, como a defesa da vida (contra o aborto) ou a incompatibilidade das uniões homossexuais com o pensamento cristão. 

Mas não estou preocupado com o "sucesso" do Papa Francisco na mídia, e sim atento a suas palavras e gestos que me levam para Deus. Que a Virgem Maria - Mãe do Evangelho vivente e manancial de alegria para os pequeninos (adjetivos extraídos da Exortação Evangelii Gaudium) o guarde durante toda sua vida.
"Ó Deus, que na vossa Providência quisestes edificar a vossa Igreja sobre São Pedro, chefe dos Apóstolos, fazei com que nosso Papa Francisco, que constituístes sucessor de Pedro, seja para o vosso povo o princípio e o fundamento visível da unidade da fé e da comunhão na caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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