sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

“Sou Papai de Novo” – Confissões



Atendendo um pedido do meu amigo Danilo, que mantém, há bastante tempo, esse magnífico apostolado na Internet – o que me honra muito, por sinal – levando e partilhando a tanta gente a nossa fé católica, partilharei um pouco a minha experiência de paternidade, tendo em vista, sobretudo, o fato de estar esperando o nascimento do meu(minha) segundo(a) filho(a). E resolvi dar como título a essa pequena partilha de “Sou Papai de Novo – Confissões”. Sim, Sou Papai de Novo foi o que coloquei quanto compartilhei um vídeo de minha filha, Ana Laura, pulando de alegria ao saber que ganharia um irmão(ã), deixando claro que, apesar de ainda não ter nascido, desde a concepção eu sou Papai. Confissões porque, entendo, preciso declarar/confessar um descompromisso com o sacramento matrimonial que assumi. Talvez o texto fique longo, mas se trata apenas de uma pequena partilha – o que é um texto em relação a toda uma vida? Não é mesmo?

“O matrimónio e o amor conjugal ordenam-se por sua própria natureza à geração e educação da prole. Os filhos são, sem dúvida, o maior dom do matrimónio e contribuem muito para o bem dos próprios pais. O mesmo Deus que disse «não é bom que o homem esteja só» (Gén. 2,88) e que «desde a origem fez o homem varão e mulher» (Mt. 19,14), querendo comunicar-lhe uma participação especial na Sua obra criadora, abençoou o homem e a mulher dizendo: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gén. 1,28).” (Gaudium et Spes, 50)

A beleza do matrimônio instigou-me desde sempre; desde a minha adolescência/juventude. Muitos amigos, hoje em dia, me dizem: “Você nunca pensou em ser Padre? Você tem o dom da palavra, seria um excelente sacerdote!”. Nunca pensei por um único motivo: Minha vocação é o matrimônio! E como esposo tenho procurado assumir o encargo seguindo o exemplo de Jesus Cristo: “Maridos, amem suas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Ef 5,25)”, diz-nos São Paulo. Entregar-me em sacrifício por minha esposa e filhos é o mínimo que posso fazer por aquela que comunga, há muitos anos, da mesma vocação e cruz, e por meus filhos, fruto do nosso amor e cumprimento do mandamento divino. São duas as dimensões principais do matrimônio: unitiva e pró-criativa. E é na pró-criativa que gostaria de discorrer sobre minha “confissão”.

O faço aqui, primeiramente porque já fiz, inclusive, ao sacerdote. O faço também como meio de “incentivar” a tantos que vivem esses dias de desvalorização da família tradicional; de rejeição explícita à simples ideia de uma família com muitos filhos. Essa rejeição não foi absoluta, no meu caso, mas em algum momento, foi relativa. “A fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos” (Familiaris Consortio, 28). Acolher com naturalidade os filhos que Deus nos dá é, antes de tudo, sermos agradecidos por tamanho Dom Divino; é também, e, não menos importante, condição fundamental até mesmo para a validade do Sacramento do Matrimônio.

Nós nunca nos fechamos totalmente aos filhos. Inclusive, havia alguns meses que esperávamos, com muita ansiedade, pela graça divina de nos conceder mais um filho. Fizemos sim, desde o início, um planejamento familiar com base no método natural (Billings). Mas esse planejamento durou mais que o necessário? Reconheço. A Igreja orienta que os pais, por questões financeiras, psicológicas ou outras plenamente justificáveis possam planejar o número de filhos. Mas não por motivos apenas pessoais e egoístas. O que vemos hoje é que os casais simplesmente não se abrem ao dom da vida. Esse não foi o nosso caso.

Por um bom tempo, desde a nossa primeira filha – que por sinal, é uma bênção de Deus – que tivemos motivos justos para adiar o segundo. Mas por outro tempo, não. Deus me fez compreender isso nesse tempo de espera que tanto desejávamos um filho e ele não vinha. Parece que Deus dizia ao meu coração: “Por um tempo vocês podiam ter e não fizeram, e agora desejam e não vem!”. Foi pra mim um preciosíssimo ensinamento. Com esse peso no coração fiz minha confissão sacramental. Por providência divina, no ciclo seguinte à confissão, minha esposa engravidou! Só posso entender como um sinal de Deus.

Resolvi fazer esse texto bem coloquial e em forma de desabafo. Resolvi fazê-lo a exemplo das confissões de Santo Agostinho. Pra quem já leu pelo menos uma página de Santo Agostinho já é capaz de saber que não chego nem perto do Santo de Hipona. Mas a vontade de ajudar a muitos que se fecham de forma absoluta aos filhos – chegando ao ponto extremo até mesmo de abortar – me fez simplesmente “abrir” o coração. Ser fecundo e multiplicar (Gn 1,28) para nós sempre foi uma bênção; estamos tirando o atraso, e vamos continuar a planejar a família de acordo com os desígnios de Deus. Que todos os casais sigam esse itinerário. Que possam estar dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja. Essa não foi, necessariamente, uma “partilha” sobre a minha experiência de pai; experiência do dia-a-dia. Mas precisava fazê-la dessa forma.

Petterson José dos Santos Dantas

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