Atendendo um pedido do meu amigo Danilo, que
mantém, há bastante tempo, esse magnífico apostolado na Internet – o que me
honra muito, por sinal – levando e partilhando a tanta gente a nossa fé
católica, partilharei um pouco a minha experiência de paternidade, tendo em
vista, sobretudo, o fato de estar esperando o nascimento do meu(minha)
segundo(a) filho(a). E resolvi dar como título a essa pequena partilha
de “Sou Papai de Novo – Confissões”.
Sim, Sou Papai de Novo foi o que coloquei quanto compartilhei um vídeo de minha
filha, Ana Laura, pulando de alegria ao saber que ganharia um irmão(ã),
deixando claro que, apesar de ainda não ter nascido, desde a concepção eu sou
Papai. Confissões porque, entendo, preciso declarar/confessar um descompromisso
com o sacramento matrimonial que assumi. Talvez o texto fique longo, mas se trata apenas de
uma pequena partilha – o que é um texto em relação a toda uma vida? Não é
mesmo?
“O matrimónio e o amor conjugal ordenam-se por sua
própria natureza à geração e educação da prole. Os filhos são, sem dúvida, o
maior dom do matrimónio e contribuem muito para o bem dos próprios pais. O
mesmo Deus que disse «não é bom que o homem esteja só» (Gén. 2,88) e que «desde
a origem fez o homem varão e mulher» (Mt. 19,14), querendo comunicar-lhe uma
participação especial na Sua obra criadora, abençoou o homem e a mulher
dizendo: «sede fecundos e multiplicai-vos» (Gén. 1,28).” (Gaudium et Spes, 50)
A beleza do
matrimônio instigou-me desde sempre; desde a minha adolescência/juventude.
Muitos amigos, hoje em dia, me dizem: “Você nunca pensou em ser Padre? Você tem
o dom da palavra, seria um excelente sacerdote!”. Nunca pensei por um único
motivo: Minha vocação é o matrimônio! E como esposo tenho procurado assumir o
encargo seguindo o exemplo de Jesus Cristo: “Maridos, amem suas
mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (Ef 5,25)”, diz-nos
São Paulo. Entregar-me em sacrifício por minha esposa e filhos
é o mínimo que posso fazer por aquela que comunga, há muitos anos, da mesma
vocação e cruz, e por meus filhos, fruto do nosso amor e cumprimento do
mandamento divino. São duas as dimensões principais do matrimônio: unitiva e
pró-criativa. E é na pró-criativa que gostaria de discorrer sobre minha
“confissão”.
O faço aqui, primeiramente porque já fiz,
inclusive, ao sacerdote. O faço também como meio de “incentivar” a tantos que
vivem esses dias de desvalorização da família tradicional; de rejeição
explícita à simples ideia de uma família com muitos filhos. Essa rejeição não
foi absoluta, no meu caso, mas em algum momento, foi relativa. “A fecundidade é o fruto e o sinal do amor
conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos” (Familiaris Consortio, 28). Acolher com
naturalidade os filhos que Deus nos dá é, antes de tudo, sermos agradecidos por
tamanho Dom Divino; é também, e, não menos importante, condição fundamental até
mesmo para a validade do Sacramento do Matrimônio.
Nós nunca nos fechamos totalmente aos filhos.
Inclusive, havia alguns meses que esperávamos, com muita ansiedade, pela graça
divina de nos conceder mais um filho. Fizemos sim, desde o início, um
planejamento familiar com base no método natural (Billings). Mas esse
planejamento durou mais que o necessário? Reconheço. A Igreja orienta que os pais, por questões
financeiras, psicológicas ou outras plenamente justificáveis possam planejar o
número de filhos. Mas não por motivos apenas pessoais e egoístas. O que vemos
hoje é que os casais simplesmente não se abrem ao dom da vida. Esse não foi o
nosso caso.
Por um bom tempo, desde a nossa primeira filha –
que por sinal, é uma bênção de Deus – que tivemos motivos justos para adiar o
segundo. Mas por outro tempo, não. Deus me fez compreender isso nesse tempo de
espera que tanto desejávamos um filho e ele não vinha. Parece que Deus dizia ao
meu coração: “Por um tempo vocês podiam ter e não fizeram, e agora desejam e
não vem!”. Foi pra mim um preciosíssimo ensinamento. Com esse peso no coração fiz minha confissão
sacramental. Por providência divina, no ciclo seguinte à confissão, minha
esposa engravidou! Só posso entender como um sinal de Deus.
Resolvi fazer esse texto bem coloquial e em forma
de desabafo. Resolvi fazê-lo a exemplo das confissões de Santo Agostinho. Pra
quem já leu pelo menos uma página de Santo Agostinho já é capaz de saber que
não chego nem perto do Santo de Hipona. Mas a vontade de ajudar a muitos que se
fecham de forma absoluta aos filhos – chegando ao ponto extremo até mesmo de
abortar – me fez simplesmente “abrir” o coração. Ser fecundo e multiplicar (Gn 1,28) para nós sempre
foi uma bênção; estamos tirando o atraso, e vamos continuar a planejar a
família de acordo com os desígnios de Deus. Que todos os casais sigam esse
itinerário. Que possam estar dispostos a receber com amor os filhos que Deus
vos confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja. Essa não foi, necessariamente, uma “partilha” sobre
a minha experiência de pai; experiência do dia-a-dia. Mas precisava fazê-la
dessa forma.
Petterson José dos Santos Dantas
Nenhum comentário:
Postar um comentário