sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A experiência da paternidade - Parte III

Engraçado como alguns momentos na vida tornam-se único e especiais. Nesta última quarta-feira (22/01/2014), pude "voltar no tempo" e inserir meu filho Pedro numa história que passa de pai para filho. É sobre essa relação entre pai e filho que partilharei hoje, que inclui o cabeleireiro, meu pai (in memorian) e a "fotógrafa" (a mãe babona que estava presente!). 

Pois bem, comecemos por um passeio na minha infância... Ah, como eu gostava quando meu pai José Milton me conduzia para a "Rua da Feira" até o Salão de Geoval - o cabeleireiro da família, pois meu pai, eu e meu irmão Leonardo éramos frequentadores daquela "Barbearia". Geoval (já falecido) com seus longos cabelos loiros geralmente estava fumando um cigarro, mas sempre nos acolhia com gentileza e aproveitava para colocar o papo em dia com meu pai. Todavia, a partir de 1993, ano em que meu pai faleceu, confesso que não quis mais ir aquele salão ou barbearia. Motivos? Sinceramente não sei nem lembro de algo especial. Se bem que aquele profissional da tesoura continuava com seus cigarros e agora já travava uma luta também com a velha cachaça! Penso que o fato da ausência daquele que me conduzia foi o fator principal. Ou quem sabe eu já começava a questionar a maneira como Geoval cortava meu cabelo (a adolescência estava próxima e eu já tentava mudar aquela forma do cabelo "de lado") e resolvi mudar. 

Fui ao Salão de Maurício na Rua José Milanês, em Nonô no Salão Ele e Ela, e nada! Literalmente não gostei do resultado. Preciso deixar bem claro que os profissionais citados eram (e são) competentes, basta verificar as filas de clientes, mas corte de cabelo é como cobertor de estimação, você se apega! Literalmente não sou daqueles "calangos ou camaleões" que vivem mudando de cor (risos). Certa vez, penso que ainda em 1993 ou talvez no início de 1994, resolvi entrar no Salão do Galego Zé Silva, na Av. Baldômero Chacon. E não é que deu certo? O cabelo loiro deste que vos escreve ficou bacana! E em 2014 já são 20 anos de conversas, de resenhas e de mudanças, inclusive nos parcos cabelos do presente.

Quando soube que minha esposa estava grávida de um menino, uma das coisas que desejei foi que chegasse o dia de levá-lo ao Salão de Zé Silva (assim como espero ansioso o dia de levá-lo para jogar bola no campo/quadro). Já tinha comentado com o mesmo que em breve isso aconteceria. Então meu pequeno Pedro José nasceu com a cabeleira razoavelmente grande e aos 6 meses optei por levá-lo ao meu dileto amigo Zé Silva para "aparar o cabelo do rapaz", pois sobre o cabelo do filho eu já tinha dito que eu desenrolava, diferentemente das minhas Marias...

E então chegou a quarta de manhã do dia 22/01. Primeiramente Zé Silva cortou o meu cabelo e em seguida o pequeno Pedro José estreava esse momento único em sua vida! Puxa vida, como lembrei do meu pai... Fiquei imaginando como foi a primeira vez que ele me levou ao cabeleireiro... Meu Deus, que momento precioso que vivi essa semana! Eu como pai me senti filho novamente através do meu filho, dá para entender? E mais: gostei também do resultado do cabelo de Pedro! E ai de Zé Silva se não caprichasse, pois acabara de ganhar mais um cliente!

Enfim, essa experiência da paternidade me fez sentir a gratidão por ter sido filho de meu pai José Milton, mesmo que juntos - fisicamente falando - tenhamos passado pouquíssimo tempo. Mas valeu a pena! Painho (assim eu o chamava carinhosamente), gostaria de dizer que no dia 22/01/2014 levei meu filho (e seu neto) ao cabeleireiro e lá encontrei o senhor. Isso mesmo! Eu o encontrei em mim mesmo, em perenizar essa relação entre pai e filho. Te amo meu pai, te amo meu filho!

Seguem algumas fotos deste momento. Infelizmente não tenho como postar as de quando eu era criança e meu pai me levava ao cabeleireiro, mas essas ficam então para a posteridade!

 Antes
 Durante - Olha a foto Pedro!
 Durante - Pedro: "Zé Silva, cuidado aí viu?"
  Durante - Pedro: "Zé Silva, tô gostando, tô ficando mais bunitu!"
 Durante - aparando as costeletas
 O cabeleireiro e amigo Zé Silva, o pai (e filho) e o filho

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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