segunda-feira, 15 de abril de 2013

Seca no Nordeste

Há algum tempo aprendi com Catherine Doherty e alguns membros de Madonna House que as nossas orações são sempre recebidas por Deus e que o Senhor em Sua imensa Misericórdia e Providência as distribui conforme Seu desígnio divino. Desse modo, tenho nesses últimos meses rezado constantemente pela situação tráfica que assola "nosso chão", nosso estado potiguar, nossa querida região Nordeste. 

Ontem lendo um livro que ganhei do meu saudoso avô Olavo Dantas Cortez, intitulado "O Nordeste as secas" do grande poeta curraisnovense Celestino Alves publicado em 1983. Destaco aqui que esse livro foi um presente do poeta ao meu avô, como descrito na dedicatória na primeira página: "Ao meu amigo Olavo Cortez uma lembrança do seu amigo certo. Um abraço fraternal. Currais Novos, 11/3/85 - Celestino Alves".



Segue então o poema intitulado nada mais nada menos que "Seca":


Meu Deus, grande martírio ameaça o Norte,
donde a razão do que sofremos nós?
Será que a seca, este inimigo forte,
é um castigo pavoroso e atroz?


Sei bem que o homem é um pecador completo,
mas, sei de Ti, que o todo Teu é Santo,
Sofremos nós do Teu Juízo reto,
porém os brutos, por que sofrem tanto?

No Pátio, o gado ou por qualquer recanto,
sobre em lamento, no seu triste urrar,
e o fazendeiro na sua dor de espanto,
vive a canseia do seu labutar.


Seguindo o sertanejo à mendigar,
procura auxílio de um alguém que passa,
e, longe a roça que deixou, na praça,
vaga o destino de mais se humilhar.

Bem pode a seca calcinar o Norte,
desabitar o meu sertão amado,
fundir a terra, destruir o gado,
há porém sempre no sertanejo um forte.

Lembro que a publicação desse livro ocorreu em 1983, no final da grade seca 1979-1983. Como um sertanejo, o poeta soube muito bem descrever de forma simples e poética a situação triste e difícil desse sertão, sem entretanto, perder a esperança.

São José, valei-nos! 

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