É com muita alegria que compartilho com vocês um artigo publicado no site do Instituto Hesed da minha prima, amiga e irmã na fé, Ir. Patrícia Cortez. O artigo trata da confiabilidade histórica dos Evangelhos, tema tão explorado equivocadamente por muitos, principalmente pelos "especialistas" em matérias exegéticas sensacionalistas, isto é, nada sabem e na maioria das vezes falam insistem em querer tornar verdade suas criações fantasiosas. Obviamente que no meio acadêmico-científico exegético, não há discussões sobre a veracidade/confiabilidade dos evangelhos, o que corrobora ainda mais o artigo da Ir. Patrícia. Além do mais, a base da nossa adesão, do nosso assentimento aos Evangelhos é o simples e decisivo fato da Igreja Católica (sempre inspirada pelo Espírito Santo de Deus) nos ensinar que estes fazem parte do Cânon Bíblico, bem como as páginas mais significativas da nossa fé.
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“O que vimos e
ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e
a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. “ (1 João
1,3)
No encontro de hoje, estaremos tratando sobre a
confiabilidade histórica dos Evangelhos, fazendo uma análise acerca das
objeções que circundam o tema, pois, para alguns, os Evangelhos não
passam de pura fantasia, relatando coisas impossíveis de acontecer no
mundo real. O nosso ponto de partida será a autoria dos Evangelhos.
Ora, se os mesmos foram escritos por testemunhas oculares, isso reforça
consideravelmente a sua confiabilidade. Não foi alguém que me contou; eu
vi, vivi, estive presente, relatei fatos dos quais eu testemunhei. É
isso o que nos diz o evangelista São João na sua primeira carta: “O que
vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão
conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo"
(1 João 1,3).
Os quatro Evangelhos são da autoria de Mateus, Marcos,
Lucas e João. Será que haveria algum bom motivo para falsear a autoria
dos evangelhos? Bom, se assim for, é, no mínimo, muito estranho que para
tanto tenham escolhido justamente um coletor de impostos - pessoa odiada
pelo povo em virtude do cargo que exercia -, e dois homens que sequer
pertenciam ao grupo dos 12 Apóstolos. É óbvio que se a intenção era
mentir para se obter um simulacro de verdade, estranho é que não tenham
recorrido a nomes dotados de maior prestígio, como a própria Virgem
Maria, Filipe, Pedro,... De fato, os Evangelhos são anônimos. No
entanto, a sua autoria foi transmitida ao longo dos séculos pela
Tradição da Igreja e nunca foi objeto de contestação entre os primeiros
cristãos, isto porque os primeiros testemunhos são de pessoas que
conviveram com os próprios autores, conheceram os evangelistas e os
Apóstolos.
Um dos escritos de notável confiabilidade que trata sobre o
testemunho dos antigos a respeito da autoria dos Evangelhos é o que nos
dá santo Irineu de Lião, discípulo de São Policarpo, que fora discípulo
pessoal de São João, em sua obra intitulada Contra as Heresias, século
II: “Mateus, no entanto, publicou entre os hebreus em sua própria língua
um Evangelho escrito, enquanto Pedro e Paulo anunciavam a boa nova em
Roma e lançavam os fundamentos da Igreja. Mas, após a morte deles,
Marcos, discípulo e intérprete de Pedro, transmitiu-nos por escrito
igualmente o que Pedro pregara. Lucas, porém, companheiro de Paulo,
deixou num livro o Evangelho pregado por este último. Enfim, João, o
discípulo que reclinou sobre o peito do Senhor, publicou também ele um
evangelho, enquanto residia em Éfeso, na Ásia”. Outro questionamento com
o qual podemos nos deparar diz respeito à integridade das informações
contidas nos Evangelhos.
Os críticos argumentam que, embora os
Evangelhos tenham sido escritos com base em testemunhos oculares – ainda
que indiretamente, no caso de Marcos e Lucas -, o tempo transcorrido
entre os acontecimentos e o seu registro por escrito poria em cheque a
integridade das informações contidas nos Evangelhos. Dois argumentos
derrogam essa possibilidade. Primeiro, na época em que foram escritos os
Evangelhos, ainda havia testemunhas oculares da vida de Jesus, tanto as
que lhe eram favoráveis quanto as que lhes eram hostis. E, no entanto,
não há registro de contestações quanto aos acontecimentos narrados; o
que existe é uma gama de diversificadas interpretações quanto aos
mesmos, mas não quanto aos acontecimentos em si. Outro aspecto que vale
ressaltar é que, o Evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, data
dos anos 60 ou 70 d.C.; os de Lucas e Mateus, são de 70 ou 80, o que
significa que após uns 40 anos da morte de Jesus Cristo sua palavra
começou a ser escrita. O Evangelho de João, por sua vez, só foi escrito
em torno do ano 100 d.C. Considerando que há biografias de renomadas
personalidades que foram escritas muito mais tarde, como, por exemplo, a
de Alexandre, o Grande, que foi escrita mais de 400 anos depois de sua
morte, e nem por isso lhe foi conferida menor confiabilidade, pelo
contrário, é considerada pelos historiadores como muito confiável.
Podemos ainda estabelecer outras comparações, como, por exemplo, a
doutrina e vida de Buda que só foram registrados no séc. I d.C., tendo
ele vivido no séc. VI a.C.; Maomé, por sua vez, teve sua biografia
escrita em 767, mais de um séc. depois de sua morte. Não é sem razão que
um dos especialistas mais conceituados da atualidade sobre história
antiga, Dr. Edwin M. Yamauchi, declarou que a documentação histórica
sobre Jesus é de qualidade superior a de qualquer outra documentação
sobre o fundador de qualquer outra religião. Ademais, é interessante
perceber que antes mesmo de os Evangelhos terem sido escritos, os
escritos do apóstolo Paulo (que datam entre 35 a 40 d.C.) já fazem
menção aos milagres de Jesus e a sua ressurreição. Podemos ver registros
destes acontecimentos também nos escritos do historiador Judeu do séc.
I, Flávio Josefo, e ainda no Talmude, obra que compila toda a doutrina
judaica, que embora atribua tais milagres a magia, não nega a existência
dos fatos.
Por fim, vale frisar que a pregação deste Evangelho tal
qual ele foi escrito custou a vida dos apóstolos. Eles não ganharam
prestígio, reconhecimento, ou qualquer outra espécie de retribuição por
parte dos homens, mas mereceram, pela fidelidade aos fatos narrados e a
propagação da doutrina deixada por Jesus, a palma do martírio. Ninguém
dá a vida por uma mentira, mas apenas a Verdade nos pode conduzir até o
extremo do derramamento de sangue.
Ir. Patrícia Cortez - Instituto Hesed
Um comentário:
"Ninguém dá a vida por uma mentira, mas apenas a Verdade nos pode conduzir até o extremo do derramamento de sangue". Perfeito!!
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