Lendo o livro "Memória e Identidade" do Beato João Paulo II, deparei-me no final da leitura deste, com um belo poema que traduz a confiança de um homem que muitas experiências tristes teve e que nunca desistiu de ter esperança, pois a certeza de que o Verbo de Deus encarnado sempre será o sentido pleno da história prevaleceu constantemente:
a história humana pode encontrar o seu Corpo.
Movo-me ao encontro de Ti, não digo: 'Vem'
digo simplesmente: 'Fica'.
fica onde, nas coisas, não resta vestígio algum,
mas onde outrora esteve o homem,
onde esteve coração e alma, desejo, dor e vontade,
consumido pelos sentimentos e corando de santa vergonha -
fica como o eterno Sismógrafo do que é invisível mas real.
Ó Homem, em quem se encontram, do homem,
o fundo e o cimo,
em quem o íntimo não é peso nem treva,
mas, precisamente, apenas coração.
Homem, no qual cada homem pode encontrar
a intenção mais profunda
e a raiz das suas ações: espelho de vida e morte
fixo na corrente humana.
Homem - a Ti sempre chego - atravessando
o magro rio da história,
indo ao encontro de cada coração, ao encontro de
cada pensamento
(história - uma disputa de pensamentos e morte de corações).
Procuro por toda a história o Teu Corpo,
procuro a Tua profundidade".
(Vigília Pascal de 1966, em: Obras Literárias, Cidade do Vaticano, 1993, p. 136 in Memória e Identidade - Ed. Objetiva).
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