segunda-feira, 2 de março de 2015

A experiência da paternidade (XI)

Depois de algum tempo, retomo as partilhas sobre "A experiência da paternidade". E ao olhar mais atentamente, percebi que já passamos de 10 postagens sobre esse assunto, especialmente pelo incentivo de muitos, fato que me impulsiona a continuar partilhando entre nós. Se você acompanha os textos desse que vos escreve, peço que rogue a Deus por minha vida e de toda minha família, para que continuemos firmes nos passos de Jesus Cristo.

Mas hoje gostaria de falar sobre a profundidade do abraço, daqueles que temos como um dos principais registros, a narrativa do filho pródigo (eu gosto de falar do "pai misericordioso") em Lc 15,20. Para mim torna-se cada dia mais claro e evidente a importância dos gestos na formação dos nossos filhos, bem como na nossa formação perene enquanto pais. Não raro, ainda encontramos relatos de pessoas que afirmam nunca terem recebido um abraço de seu pai ou sua mãe... Confesso que isso me entristece sobremaneira, pois em minha casa sempre tive essa experiência de "ninho acolhedor". Para se ter uma ideia, mesmo após 22 anos de morte de meu pai, ainda levo com muita nitidez aquele abraço apertado que eu ganhava quando ele chegava do trabalho. Sem contar do cheiro típico de pai... Quem já passou e passa por essa experiência sabe do que estou falando.

O evangelista Mateus inspirado por Deus escreveu: "Por isso todo escriba instruído nas coisas do Reino dos céus é comparado a um pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas" (Mt 13,52). O que seriam essas coisas novas e velhas? Enquanto pais, como temos nos comportado diante da "modernidade"? Estamos nós esquecendo dos valores que realmente edificam nossos filhos e as nossas famílias?

Eu diria que as coisas novas são todas as tentativas para acertar, para trazer o melhor para as crianças, todavia, permitam-se meu apego às coisas velhas... Não me refiro ao velho no sentido de estragado ou sujo, ou maltrapilho, mas dos tesouros antigos! Daquilo que chamamos de valores universais, perenes, importantes e imprescindíveis na formação de qualquer homem ou mulher.

Nesse sentido, o abraço surge como um verdadeiro tesouro entre pais e filhos. Como é bom chegar cansado do trabalho e ser recepcionado com calorosos abraços e aquela frase típica: "Bença, papai!". Como é prazeroso jogar bola com seu filho e ao comemorar um gol correr literalmente para o abraço! Como é majestoso se sentir abraçado antes de dormir e sua filha dizer: "Deixa eu dá aquele cheiro no pescoço do senhor, pois esse cheiro é bom demais!". Como é belo ganhar aquele abraço coletivo dos seus filhos. 

Percebam que falei apenas das sensações e emoções oriundas dos "presentes" que ganhei. Mas aqui preciso exortar os pais a não esperarem esses abraços, mas irem ao encontro dos seus filhos e colocá-los nos braços. Não se intimide nem tenha vergonha. Pais serão sempre pais, independente da idade dos seus filhos. Precisamos compreender que nós necessitamos desses encontros tão simples e "gigantes", pois eles edificam noss´alma. 

Recentemente, tive uma experiência num retiro com jovens no qual meus filhos estavam também participando (principalmente a mais velha - Maria Gabriela com 9 anos). Em determinado momento de oração, eu me tornei naquele momento uma espécie de "pai" para muitos jovens que por um motivo ou outro não tiveram ou deram esse abraço. Acredito que Deus me ajudou naqueles belos instantes... Senti muitos corações desejosos de terem os seus pais ali na sua frente. Todavia, quase no término dessa oração, olhei para os jovens e vi Maria Gabriela com os olhos marejados "dizendo" para mim (sabem aquelas expressões que falam mesmo sem os lábios se mexerem? Pois bem, eu entendi o que minha filha dizia com aquele olhar!) que queria também aquele abraço. E eu fui, ela veio, nos encontramos, e choramos diante da beleza de Deus em nos fazer pai e filha. Assim tenho buscado ser um com eles, a começar nesses abraços tão cheios de gratidão, de cumplicidade, de amor, de paz...
 
Por isso não perca tempo, vá... O "pai misericordioso" não esperou o filho chegar, "movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou" (Mt 15,20). Agora é a sua vez!!!

Que neste mês de Março, dedicado ao Glorioso São José, ele interceda a Jesus por todos nós!

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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