terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Guarda Suiça

A Guarda Suiça é uma corporação de milicianos suiços de religião católica destinados a guardar e proteger o Santo Padre e, de modo geral, a Santa Sé. Procuremos identificá-la um pouco melhor.

1. Origem e Constituição

Já antes do século XVI os Papas pediram a ajuda de milicianos suiços para proteger o Estado Pontifício. Todavia é no século XVI que a atual Guarda Suiça tem origem. Em 1506 o Papa Júlio II pediu aos cantões suiços confederados um contingente de duzentos milicianos. Em 1527 essa corporação foi extinta em consequência do saque de Roma por parte de tropas francesas. No final de seu pontificado, Paulo III (1534-1549) concluiu um Acordo com os cantões católicos, tendo à frente o de Lucerna, a fim de obter novo continente; o Acordo previa condições muito precisas para a atividade dos recrutas, inclusive o direito de ter um tribunal próprio. A partir de então até nossos dias, com breves intervalos no século XIX, a Guarda Suiça está a serviço da Santa Sé.

Em 1798, quando as tropas francesas ocuparam o território pontifício, a Guarda foi dissolvida, mas em 1800 restaurada por Pio VII, que reuniu os sessenta milicianos que haviam permanecido no território papal. Em 1803 Pio VII reiterou o convênio em Lucerna; contudo em 1809 a Guarda foi posta em recesso, visto que o Estado Pontifício foi incorporado ao Império Francês. Ficaram, porém, alguns milicianos no Quirinal após a partida do Papa.

A Guarda foi restabelecida em 1814. Em 1824 Leão XII assinou o último convênio com Lucerna. Aliás o Parlamento dos cantões suiços confederados autorizou os cantões a efetuar convênios militares com Governos estrangeiros, contanto que levassem tais acordos ao conhecimento do Parlamento. Tal autorização, datada de 2 de agosto de 1815 não agradou à população suiça receosa de ver explorados os seus filhos e de perder elementos de valor para a defesa da pátria. Em consequência a Constituição Federal de 1848 vetou aos seus cidadãos o serviço militar no estrangeiro. Para remediar a tal situação, em 1859 a Santa Sé entrou em acordo com o Comandante Leopold Meyer de Schauense como representante da Guarda considerada como simples Corpo de Polícia: este chefe e seus sucessores poderiam recrutar milicianos em qualquer cantão, excetuado o de Tessin (exceção posteriormente cancelada). A Guarda contaria 133 homens, incluídos os oficiais. Esta cota oscilou até finalmente fixar-se em uma centena de homens.

A Guarda Suiça funciona sob a autoridade da Secretaria de Estado. Tem responsabilidade acrescida pelas sucessivas viagens do Papa João Paulo II.

2. Peculiaridades

A Guarda Suiça chama a atenção pelo seu uniforme, que se tornou de certo modo, o símbolo do Estado do Vaticano. Nos seus primeiros tempos, a Guarda não usava uniforme próprio, mas vestia trajes da cor do Papa da época: amarelo e azul sob Júlio II, amarelo, azul e vermelho sob Leão X e Clemente VII, verde, amarelo e branco sob Adriano VI... O uniforme atual é do estilo do Renascimento, mas só foi definitivamente fixado por Bento XV em 1914-15, sob a orientação dada por Jules Repond, que foi comandante da guarda de 1910 a 1921. Na mesma época foi desenhada a bandeira da Guarda, inspirada no modelo dos antigos regimentos suiços no estrangeiro. A sua configuração deve-se ao arquivista suiço Robert Durrer. A Guarda Suiça tem sua capela própria no interior da Cidade do Vaticano: a capela de São Pelegrino, que se tornou a Igreja "nacional" dos soldados suiços.

Extraído da Revista Pergunte e Responderemos ano XLVI, janeiro 2005, n. 511 - Dom Estevão Estevão Bettencourt, OSB.

Abaixo segue um vídeo com o juramento dos novos guardas suiços ocorrido no dia 06 de maio de 2008.