Vontade de Deus

Eis um dos grandes mistérios no qual o homem se depara: a vontade de Deus! Mistério porque se refere à vontade do Senhor, no entanto, o mistério se revela nas diversas situações do cotidiano, principalmente naquelas imperceptíveis, simples, pequenas. É comum as perguntas do tipo: Mas qual é mesmo a vontade de Deus? Jesus Cristo no final do sermão da montanha nos dá uma pista: “Sede santos como vosso Pai Celeste é santo” (Mt 5, 48), porém, viver a santidade não é tarefa simples.

Primeiramente porque somos limitados, pecadores, inconstantes e na maioria das vezes, desobedientes a voz do Senhor, e em alguns casos, somos surdos a essa voz que incansavelmente nos chama a uma vida santa de acordo com os moldes determinados por Deus. São Paulo em sua carta aos cidadãos de Colossos nos revela uma visão espetacular para aqueles que desejam viver uma vida nova em Cristo. Assim se expressa o Espírito Santo através do Apóstolo dos Gentios: “Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra” (Cl 3, 2), ou seja, eu necessito ter a feição do Pai, fazer com Ele se revele em minha vida e que as minhas limitações não possam me impedir de fazer a Sua divina vontade. Para tal feito, é preciso muita renúncia, despojamento, oração e vivência dos Sacramentos. O melhor exemplo é daquela que se tornou tão parecida com Ele que foi escolhida para ser a Mãe do Salvador. Queres então saber como fazer a vontade de Deus? Veja a vida da Santíssima Virgem! Recorra a sua intercessão para que o Espírito Santo fecunde em seu coração o desejo de ser de Deus, de se entregar como criança nos braços do Pai.

Ter o olhar fito nas coisas do alto não é motivo para negligenciar o cotidiano, as pequenas coisas do dia a dia, as responsabilidades que Deus nos chama a realizar diariamente. Fazer a vontade de Deus é olhar para o alto tendo os pés firmes no chão. Viver a vontade de Deus é deixar-se conduzir pela voz do Bom Pastor agindo de forma concreta através das nossas ações, atitudes, palavras, gestos e até mesmo no silêncio do coração. Neste caso, essa forma concreta da vontade de Deus é a questão mais interessante e, que por sua vez, exige mais empenho do homem para cumprir tal missão. Ainda meditando as palavras de São Paulo aos Colossenses, o mesmo é bem enfático ao traçar um plano de vida para aquele que deseja viver a vontade de Deus: “Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3, 13-14).

Esse plano de vida parte da necessidade que temos de ser suporte para os outros irmãos, do perdão que deve ser sentimento continuamente presente em nossas vidas e acima de tudo, o amor – a caridade que nos une e nos torne um só coração e uma só alma. Vale salientar que tudo só acontece por causa da graça de Deus derramada sobre aqueles que invocam seu Santo Nome e que constantemente insistem em dizer seu sim diário à vontade do Senhor. Quando o suporte, o perdão e o amor são presentes em uma comunidade, em um grupo de amigos ou numa família, a paz que vem de Cristo reina nesse lugar e já não agimos como ignorantes ou insensíveis, mas como filhos e filhas de Deus. Assim afirma São Paulo: “Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos” (Cl 3, 15).

Diante de tudo que já foi dito, cabe ainda uma curta e importante reflexão. De que forma vou buscar as coisas do alto e agir com os pés no chão se tão limitado, fraco e insensível eu sou? Que Deus então nos permita compreender esse questionamento humano e nos conceda a graça de respondê-lo com sabedoria. Aliás, Ele mesmo nos orienta dizendo: “Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham” (Mt 19,14). Isso quer dizer que para fazer a vontade de Deus é preciso se tornar criança. Criança que ama, que perdoa e que acima de tudo sente-se dependente de seus pais. Enquanto os homens se sentirem independentes de Deus, viveremos uma espécie de orfandade coletiva, todavia, quando os homens tornarem-se crianças nos braços de Deus, viveremos numa comunidade de amor.

Sejamos crianças... Obrigado Família Germinar por me fazer sentir uma criança nos braços de Deus!

“Vontade de Deus és meu paraíso, todo dia um novo dia pra te amar

Mais que ontem no sim de hoje, um novo se fará”

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria