quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Porque sou católico - by Chesterton

Lendo alguns artigos do grande filósofo britânico Gilbert Keith Chesterton (1874-1936) no livro "Todos os Caminhos Levam a Roma" publicado pela Editora Oratório, que foram escritos entre 1922 e 1926, ou seja, antes mesmo de sua conversão ao catolicismo, que se deu em 1927, é interessante observar como um dos gênios debatedores e intelectuais do século passado fala a respeito da religião católica e seu valor universal e atemporal. Os trechos abaixo transcritos estão no 8º capítulo do livro citado intitulado "Por que sou Católico", trata-se de um ensaio publicado em 1926 na coletânea From Twelve Modern Apostles and Their Creeds (Doze Apóstolos Modernos e seus Credos).


O autor inicia seu texto de forma objetiva e muito transparente quando afirma: "A dificuldade em explicar 'por que eu sou Católico' é que há dez mil razões para isso, todas se resumindo a uma única: o catolicismo é verdadeiro". Não obstante esse "inquietação e dificuldade", observa-se que na verdade o mesmo tem segurança e firmeza no que diz, isto é, o crer não se baseia apenas num "crendice cega e irracional", mas é fruto de uma busca constante pela Verdade. É mister entender que a graça advinda de Deus perscruta o coração do homem para que este creia inicialmente, continue sua busca e compreenda ainda mais as razões de sua fé, tal qual ensina o fenomenal Santo Agostinho: "Creio para compreender e compreendo para melhor crer".

Chesterton, ex-anglicano, homem inteligentíssimo e "peregrino" em busca de várias respostas, compreende em determinado momento de sua vida que a Verdade é una, a Verdade é Jesus Cristo e que a Igreja Católica é o Corpo Místico de Cristo. Isso se dá após um longo itinerário intelectual em que os  principais inimigos da Igreja na época - os iluministas do século XVIII e os céticos cientificistas do século XIX - "colaboraram" para que o estudioso G. K. Chesterton batesse às portas da Igreja, assim como fizeram muitos outros convertidos. "Em resumo, diria apenas que a Igreja Católica é católica. Preferiria tentar sugerir que ela não é somente maior que eu, mas maior que qualquer coisa no mundo; que ela é realmente maior que o mundo". Eis mais uma afirmação categórica e plena de sabedoria. 


É bem verdade que esse entendimento "cristão católico" de Chesterton pode soar estranho e não raramente petulante por parte de outras pessoas que professam outro credo religioso ou sequer professem a fé e sim concordem com as teorias dos diversos ateus de ontem e de hoje. Entretanto, urge compreender que os modismos teológicos e filosóficos sempre buscaram deturpar a Verdade, digo, a doutrina católica, todavia, a Igreja firmemente defendeu os valores universais do ser humano, postos em evidência pela Revelação. Para o filósofo britânico, "na medida em que diz que a Igreja frequentemente ataca o que o mundo em cada época apoia, ele está perfeitamente certo. A Igreja sempre se coloca contra a moda passageira do mundo; e ela tem experiência suficiente para saber quão rapidamente as modas passam"

Desse modo, muitos são pegos pelas "modas" que facilmente conduzem-nos para um emaranhado de pensamentos e conceitos diversos, tornando a vida do homem uma espécie de "Torre de Babel" ou simplesmente uma espécie de "self-service", onde me alimento apenas daquilo que acho que devo, que quero, que desejo... Tudo isso sem observar os detalhes de certo ou errado, de verdade ou mentira, se convém ou não convém. Vivemos sem sombra de dúvida a tão apregoada pelo Papa Bento XVI, a "ditadura do relativismo", que já não aceita a Verdade em si, mas as verdades individuais e cheias de fantasias.

Por isso, penso que Chesterton é uma boa opção para meditar um pouco mais na forma simples e discreta com que Deus nos fala e na maneira que Ele age em nossas vidas, especialmente através da Igreja Católica, lugar de partida, de chegada, de encontro... Lugar querido por Deus: "Não há fim para a dissolução das ideias, para a destruição de todos os testes da verdade, situação tornada possível desde que os homens abandonaram a tentativa de manter uma Verdade central e civilizada, de conter todas as verdades e de identificar e refutar todos os erros. Desde então, cada grupo tem tomado uma verdade por vez e gastado tempo em torná-la uma mentira. Não temos tido nada, exceto movimentos; ou em outras palavras, monomanias. Mas a Igreja não é um movimento e sim um lugar de encontro, um lugar de encontro para todas as verdades do mundo".

Leiam mais sobre a vida desse gigante chamado Gilbert Keith Chesterton, especialmente o livro Ortodoxia - obra-prima desse célebre escritor católico; Paradoxos do Catolicismo (é um dos capítulos do livro Ortodoxia que foi publicado pela Ed. Quadrante; Homem Eterno; Autobiografia, dentre outros. Segue dois sites com maiores informações:



De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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