Segue mais uma "Partilhas de Madonna House" que recebi hoje por e-mail. Lembro que dois membros - Elizabeth e Pe. Tom - estarão em Caicó no dia 13 de julho por ocasião da ordenação sacerdotal do Diácono Rodrigo Jovita, que se tornará sacerdote associado da Comunidade Madonna House. Será uma imensa alegria revê-los.
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Queridos Amigos,
Então o que há de novo nestes dois meses passados? Celebramos o dia de Nossa
Senhora de Combermere no dia 8 de Junho… Cada uma de nossas casas tem uma
pequena estátua de Nossa Senhora de Combermere que são réplicas da original que
se encontra em Combermere. Na nossa casa da Bélgica temos tido a oportunidade
de participar de várias procissões com a estátua de Nossa Senhora de
Combermere. Parece que Nossa Senhora gosta de passear pelas ruas da Bélgica e
mesmo atravessar as feiras e os mercados de rua. A última procissão em que
estivemos presentes com Nossa Senhora de Combermere foi no dia de Pentecostes.
Esta procissão aconteceu em uma cidadezinha chamada Incourt. Havia estátuas de
vários santos representados na procissão, inclusive a estátua da Santa
local chamada Ragenoufle... (ver foto com duas pessoas de Madonna House
carregando o andor com a pequena estátua de Nossa Senhora de Combermere)… Outro dia fomos a uma outra procissão trazendo Nossa Senhora conosco à
cidadezinha chamada Grez Doiceau. Neste dia havia uma grande feira na cidade e
as ruas estavam cheias de gente. Depois da Missa a gente passou em procissão pelo
centro com todos estes santos e foi como se verdadeiramente Nossa Senhora
estivesse nos levando para um passeio pela cidade e Ela ia abençoando cada
pessoa com a Sua presença. Como foi anunciado durante a nossa caminhada pelas
ruas: atrás de cada muro tem uma cruz e nós rezamos ao passarmos por cada casa…
Em algumas delas havia um pequeno altar com flores e velas como uma forma de
saudação a Jesus Sacramentado que também participou da procissão. A gente
tem a impressão que somos nós que trazemos a estátua de Nossa Senhora para a
procissão, mas na verdade é Ela que nos conduz em cada passo e foi Ela que quis participar de todas estas procissões… Aliás provavelmente alguns de vocês
também participaram de procissões no dia de Corpus Christi…
E, como muitos de vocês já sabem, 8 de Junho é o dia em que fazemos as
promessas de castidade, pobreza e obediência na comunidade. Neste ano tivemos 3
jovens que fizeram as primeiras promessas em Combermere. É sempre uma alegria
quando vemos a cruz de Madonna House nova em folha brilhando no peito destes
jovens. O discernimento de cada vocação é um processo pessoal e comunitário. O
diretor espiritual vai acompanhando a pessoa pelo menos por dois anos de
formação. E toda a comunidade participa do processo de formação pois é no dia a
dia que a gente vê se alguém pode verdadeiramente viver a vida comunitária.
Sabemos que para viver uma vocação não basta a vontade própria, mas é preciso
viver a vontade Deus a partir do concreto de nossas vidas. Então vou deixar a
Catarina contar uma de suas estórias que aborda de certa forma a vocação como a
vontade de Deus no concreto.
Partilhando estórias da Catarina
Pat – “Olhinhos de Fogo”
Assim me
contou a Catarina quando estávamos sentadas na varanda em uma noite
deliciosamente quente. Um ventinho gostoso soprava e refrescava a gente tanto
quanto a limonada açucarada que a gente saboreava. Estávamos, eu e ela, olhando
o céu estrelado; era uma destas noites em que o céu cintilava com a beleza das
estrelas.
De repente, ela começou a falar…
Foi em uma noite como esta que Pat chegou. Ela veio nos visitar porque tinha ouvido falar que eu e meu marido ajudávamos os pobres, nossos vizinhos, e que recebíamos jovens que queriam viver assim. Foi nesta mesma varanda fresquinha que, depois de ter passado alguns dias morando aqui, ela me pediu para viver toda a sua vida conosco, ajudando-nos no que fosse preciso.
Foi em uma noite como esta que Pat chegou. Ela veio nos visitar porque tinha ouvido falar que eu e meu marido ajudávamos os pobres, nossos vizinhos, e que recebíamos jovens que queriam viver assim. Foi nesta mesma varanda fresquinha que, depois de ter passado alguns dias morando aqui, ela me pediu para viver toda a sua vida conosco, ajudando-nos no que fosse preciso.
Eu olhei
para o seu rosto iluminado de alegria e esperança. Pat tinha um corpo
fraquinho; ela era magrinha e sem cor; como então o seu rosto tinha tanta luz?
Eu olhei para os olhos dela e havia um fogo neles… Pat, olhinhos de fogo,
esperava a minha resposta…
Eu
continuei olhando para os olhinhos de fogo. Depois de muito silêncio eu disse
com dor no coração que ela tinha um corpo fraquinho e que eu não sabia se ela
ia agüentar a dureza da vida daqui.
Sim,
porque a nossa vida era dura. A gente trabalhava cuidando da casa; varrendo;
esfregando o chão; cozinhando; andando de uma casa para outra, visitando nossos
vizinhos; carregando sacolas pesadas cheias de fruta e verdura que as pessoas
nos davam e que a gente levava para os pobres. Sem contar as noites sem dormir
quando a gente ia cuidar dos nossos vizinhos que estavam doentes e que
não tinham dinheiro para ir no médico ou para pagar uma enfermeira para cuidar
deles.
E a gente
era pobre também. Nossa casa não tinha luxo algum… Não tinha água encanada. A
gente tinha que tirar água da cisterna… Era preciso um corpo forte para viver a
vida aqui. “Olhinhos de Fogo” tinha um corpo fraquinho…
Qual era
o segredo deste fogo nos olhos de Pat? Depois de ter dito a ela sobre a dureza
de nossa vida, nós choramos juntas. Mas mesmo no meio das lágrimas, o fogo
ainda queimava nos olhos dela. Por causa deste fogo eu disse para ela
ficar e viver conosco.
No começo
ela ficou até mais forte e ganhou cor nas bochechas. Mas com o tempo ela foi
ficando mais e mais cansada. O vermelho das bochechas desbotou de novo e ela
ficou mesmo doente. Aí ela teve que ir embora para a casa dos pais dela.
Em uma
noite em que as estrelas cintilavam assim, eu recebi a carta que os pais de Pat
tinham escrito para mim. Mas mesmo antes de ler a carta, eu já sabia. Naquela
noite, como na noite de hoje, as estrelas brilhavam diferente: elas me
lembravam o fogo dos olhinhos de Pat. Eu olhei para as estrelas e vi
multiplicado aos milhares os “olhinhos de fogo” que estavam no céu.
(Adaptado por Cristina Coutinho do
original “Uma Chama Tranqüila”, Catarina de Hueck Doherty, “Em
Parábolas”, Paulinas, 1997)
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