sábado, 27 de agosto de 2011

União na fraternidade

Sobre esta temática, Catherine escreveu um livro intitulado "União na Fraternidade" que é uma tradução para a palavra russa Sobornost (pronuncia-se sobôrnost), isto é, a plenitude da união. Há muito tempo a humanidade busca essa união, todavia, nem sempre por vias adequadas e corretas, haja vista que continuamos nessa peleja.

Antes de tudo, vale destacar que para vivenciarmos essa união, precisamos superar muitos obstáculos que hoje tornam-se não raramente muito altos e difíceis de ultrapassar, todavia, nunca impossíveis. Falo inicialmente do pecado inerente à condição humana, que nos leva a desobediência - um dos principais obstáculos à união -, porém, onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm 5,20). Isso mesmo! Deus sempre nos convida a endireitarmos nossos passos rumo à santidade - vocação universal - ajudando inclusive aqueles que encontrarmos pelos caminhos. 

Além da desobediência, há o orgulho ou quem sabe arrogância ou por que não dizer, falta de humildade. Esse é um obstáculo e tanto! Aliás, a "modernidade" tem nos ensinado muito a "viver junto" com o Orgulho através da individualidade, da falta do perdão, do egoísmo, da falta de caridade. Nesse sentido, ao meditar novamente com a Palavra de Deus - tão antiga e tão nova - onde Jesus pede/roga ao Pai (poderia o Pai não atender tal pedido? Lógico que não!) para que sejamos um, para que vivemos unidos como a Santíssima Trindade. "Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim" (Jo 17, 22-23).

Desse modo, quão pouco muitas vezes não reflitimos à união da Trindade. Digo mais: nem sempre sequer conseguimos dá os primeiros passos em direção a esse "mandamento" de Jesus. É impressionante como teimamos em desobedecê-lo não escutando Sua doce voz. Agimos como se fôssemos alheios e estranhos à Palavra do Senhor. Por que geralmente não nos entendemos? Por que é tão difícil aceitar e acolher o outro? Por que me custa tanto dizer SIM ao plano de Deus? Por que nunca me abandono completamente, mas apenas aquilo que me convém? Perguntas que nem sempre encontramos respostas fáceis, mas que não deveríamos deixar de buscá-las, pois delas dependem nossas vidas de santidade, isto é, se os meus passos caminham ou não juntos de Deus.

Catherine Doherty toca num ponto crucial dessa nossa displicência com a missão, com o chamado, com a vocação de sermos um que Deus nos faz. Ela enfatiza que o principal obstáculo para a verdadeira união entre os homens e Deus está dentro de nós! "O verdadeiro obstáculo reside na mente de todos os cristãos que não entenderam ainda ou se esqueceram do que significa ser batizado!" (p. 99). Isso é evidente para entendermos que somos partes integrantes e vivas de uma grande e mística comunidade que é a Igreja como já dito por minha amiga Camila na postagem abaixo. Quando não sou fiel a esse batismo, eu acabo "prejudicando" todo o restante do corpo místico no qual estou inserido. Dessa forma, a união começa a desintegrar-se e surge então as desavenças, a desunião, a discórdia... "Sim, é este o maior obstáculo da união: quando a mente humana desafia a mente divina e recusa obediência e submissão. Com isto recusam entrar na realidade de Deus, que é Jesus Cristo" (ibidem).

Quando elenco esses obstáculos citados por Catherine, não coloco no rol das dificuldades apenas aqueles erros ditos "grandiosos" ou quem sabe públicos dos filhos de Deus, mas em especial aqueles não perceptíveis, os de estimação, os que só eu e Deus conhece. Então, sendo eu um cristão católico batizado e que deseja viver tal fé, torna-se urgente repensar meu modo de vida e de que maneira tenho contribuído para superar esses obstáculos. E mais: o que tenho feito para semear a união entre meus irmãos. Lembrem-se: o que tenho feito? O que posso fazer diferente? 

Deixemos de olhar para os defeitos dos outros (Mt 7,3) e busquemos nos redimir diante do Senhor. Precisamos cultivar mais o perdão, a misericórdia, o amor, pois "a divisão entre os homens é uma espécie de serrote nas mãos de Satã, separando os homens de Deus e até, quem sabe, cortando as mãos dos próprios homens" (ibidem). Nós, enquanto família de Deus, precisamos experimentar a unidade, principalmente através do compromisso com o chamado de Deus. Esse compromisso inicial é decisão individual e instransferível, entretanto, aos poucos soa como um uníssono, pois todos cantam e entoam os mesmos sentimentos e desejos, cantos e louvores ao Rei dos reis, ao Senhor dos senhores.

Vale a pena assumir o compromisso iniciado no batismo e manifestado de forma mais madura na Crisma! Fraternidade Germinar, queira ser reconhecida por Deus como uma família que vive, experimenta e revela a união na fraternidade - o sobornost!

Por fim, concluo essa postagem com uma bela poesia da nossa querida Catherine Doherty que está contida no livro União na fraternidade, disponível em pdf no link: http://writings.catherinedoherty.org/pt/index.html

SOBORNOST, mistério de união

Uma palavra estranha
num mundo estranho...
Mas, como um fio dourado,
ela entra e faz parte
da trama e do enredo 
dos eternos sonhos humanos.

Ele veio até nós,
para transformar os sonhos em realidade...
Ele morreu para torná-los 
palpáveis e tangíveis, 
ao alcance de todos,
bastando estender as mãos
para alcançá-los.

Ele fez a promessa:
todos quantos nele crêem
serão seu corpo, e ele será
a cabeça de todos, 
unindo, assim, homem e Deus
numa união indescretível
que só pode ser fruto do Amor.

Nasceu Sobornost, a união
e, então,
quando ele venceu a morte,
selou a vitória
com sua Ressurreição.

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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