sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Sabedoria da Cruz


Lendo o livro “A Sabedoria da Cruz” de Francisco Faus (Ed. Quadrante), alguns trechos chamaram muito minha atenção, dos quais partilho com vocês:

Primeiramente, contemplar o mistério da Cruz é tarefa difícil e em partes impossível, pois “Amor, Dor e Morte são terra sagrada, abismos que sempre nos produzirão vertigem, porque são território de Deus (p. 8)”, isto é, mistério é mistério! Temos o péssimo hábito de querer entender o ininteligível, acabando por não experimentar ou deixar escapar a graça insondável do Senhor.

Creio que essas tentações que nos levam a não se abandonar no mistério de Deus são artimanhas do próprio inimigo que é astuto e sabe o quão forte é uma alma unida à santa vontade de Deus, principalmente quando esta está profundamente mergulhada no mistério divino. Por isso, “nunca o diabo deixará de combater a Cruz (...) Uma das grandes mentiras atuais do diabo, no seu combate contra a Cruz, consiste em convencer o mundo de que felicidade é igual a prazer, consiste em identificar felicidade e prazer, o que constitui uma das maiores falsidades que se possam imaginar (...) O novo deus pagão é o prazer" (pp. 13-14).

Dessa forma, o mundo contemporâneo caracteriza-se pelo excesso do prazer, da “supersexualização” que tanto mal traz as nossas famílias. Esse novo (e tão velho...) estilo de vida baseado exclusivamente no prazer acaba por minar a piedade e o verdadeiro sentido do sofrimento, da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Facilmente encontramos frases estampadas: “Pare de sofrer!” Em contrapartida, é mister aceitar que o sofrimento estará sempre intimamente ligado as nossas vidas cristãs, pois “é uma grande verdade que não há cristianismo nem santidade sem Cruz (p. 57)".

Enquanto a sociedade hodierna exalta o supérfluo, o passageiro, o deus-prazer, concomitantemente, “é justamente nesta cultura sem Cruz que se dá, em proporções nunca vistas na História, o máximo índice per capita de tristeza, de solidão, de tédio, de mau humor, de necessidade de fuga, de escravidão aos vícios e paixões, de violência, de desrespeito ao próximo, de vazio" (p. 17). Afinal, estamos agindo como o diabo que foge da Cruz? Em tese sim! Pois os índices de depressão e tantos outros males estão associados a essa busca frenética pelo prazer.

Os santos são exemplos claros daquilo que Deus sonhou e tem como meta para o homem – a santidade. Eles não foram avessos ao prazer que vem de Deus, mas sim a sua busca desenfreada e sem precedentes. Os santos amam mesmo estar diante de Deus e fazer unicamente sua vontade, eles lutavam (e muitas vezes a luta era árdua) para permanecer no território de Deus, ou seja, “diante da Cruz de Cristo, estamos, pois – como afirmávamos acima –, num ‘território de Deus’, num abismo de Dor, que a nossa lógica humana é incapaz de penetrar plenamente" (p. 19). Experimentavam tamanho mistério sem necessidade de compreendê-lo, tendo em vista sua incapacidade humana. Todavia, os santos sabiam que a Cruz de Jesus é sinal de salvação e as nossas cruzes são instrumentos que nos moldam em Deus, como afirma São Josemaría Escrivá: “a Cruz – poderíamos dizer – é a grande ferramenta formativa de Deus [...] Porque temos a experiência de que a dor é o martelar do Artista, que quer fazer de cada um, dessa massa informe que nós somos, um crucifixo, um Cristo, o alter Christus (o outro Cristo) que temos de ser" (p. 38).


De modo muito particular, São Tomás de Aquino corrobora tal incapacidade nossa falando sobre a Morte de Jesus Cristo, sendo que “essa verdade, isto é, que Cristo morreu por nós, é de tal modo difícil, que a nossa inteligência pode apenas apreendê-la, mas de modo algum descobri-la por si mesma [...]. A graça e o amor de Deus para conosco são tão grandes, que Ele fez por nós mais do que podemos compreender”

E então, o que fazer diante de tal mistério?

Vale salientar que “o seu Sacrifício redentor, foi, pois plenamente voluntário. A Cruz foi o seu altar, e Jesus encaminhou-se para ela como Sacerdote, a fim de se oferecer a si mesmo como Vítima" (Hb 7,27) – (p. 24-25).

Respostas?

O que dizer diante de tanto Amor?

Amor que amou até o fim... Amor que permanecerá até o fim... “Mas amar até o fim também significa que Cristo na Cruz, nos amou sem limite algum, sem recuo algum, sem poupar-se em nada, até ao máximo extremo (p. 26)”.

Respostas?

Continuo as indagações servindo-se das palavras de São Boaventura que perguntava: “Quem não amará o seu Coração tão ferido? Quem não retribuirá o amor com amor? Quem não abraçará um Coração tão puro?"


Respondamos com todo ardor de noss´alma e peçamos constantemente a intercessão de Nossa Senhora das Dores (Reze essa jaculatória ensinada por São Pedro Julião Eymard: “Santa Mãe, dá-me isto: trazer as Chagas de Cristo gravadas no coração”) para que amemos cada dia mais a Paixão de Nosso Senhor e aceitemos sem lamúrias as “cruzes” oferecidas a nós, para unir nossas vozes a de todos os santos, assim como disse São Boaventura:

Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o nosso Ferido, a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração. Peçamos que se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor e feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente”.

Enfim, diante da Cruz de Jesus, eu...

Adoro
Amo
Fixo o olhar
Calo-me
Perco-me
Encontro-me
Tende piedade de mim!

"A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina" (1 Cor 1,18).

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

4 comentários:

Laiane das Graças disse...

Amigo estes três últimos posts, estão sem comentário. Silêncio e Cruz!! Não há como dissocia-los... Como sou fascinada por esses Mistérios!!! Obrigada, Senhor, pelas minhas Cruzes! Saudades, amigo!

Danilo Cortez Gomes disse...

Amiga, realmente não há dissociação entre a Cruz e o silêncio. Aliás, é o silêncio que fala!!! Mistérios de Deus!

Gilvan rodrigues disse...

“é uma grande verdade que não há cristianismo nem santidade sem Cruz (p. 57)"

Laiane das Graças disse...
Amigo estes três últimos posts, estão sem comentário. Silêncio e Cruz!! Não há como dissocia-los... Como sou fascinada por esses Mistérios!!! Obrigada, Senhor, pelas minhas Cruzes! Saudades, amigo!

Faço delas as minhas palavras!

Salve Maria!

laiane disse...

Na Cruz eu posso adormeçer tranquila e segura, pois lá é o leito de quem O ama! O porto seguro da Virgem Maria. A Cruz é minha alegria de viver!